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Dicas do que fazer em Amsterdam em março: uma agenda totalmente holandesa

Março é o mês em que as tulipas passam a florir na Holanda. Na segunda quinzena desse mês o Keukenhof abre e talvez essa seja uma das atrações mais tipicamente holandesas que existe. Embora, na verdade, as tulipas sejam originalmente da Turquia (e vieram pra Holanda passando por Praga), e foram introduzidas nos lares dos Países Baixos para disfarçar os fortes odores...

O que fazer em Amsterdam em março
Basicamente os holandeses adotaram o Bom Ar mais lindo do mundo (Foto: olenaznakk/Adobe Stock)

E já que você vem pra Holanda para ver coisas que só pode ver na Holanda - como o Keukenhof - vou te oferecer dicas culturais que também são 100% Nederland (esse é o nome do país em holandês).

Um pouco de história no Rijksmuseum, artes plásticas no Joods Historisch Museum e música holandesa no AFAS Live Zullen we gaan? ("Vamos lá?", em holandês).

Dica de música holandesa: show do Nielson

Quando e onde: 11 de março no AFAS live (veja serviço abaixo)

Quando perguntava aos holandeses indicações de artistas do país deles sentia um certo constrangimento. "Bem, eh, não temos nada semelhante à bossa nova por aqui"... ou "Ah, mas a música brasileira é muito melhor"...

Sorte que nunca dá pra generalizar. Uma amiga holandesa me introduziu diversos cantores e cantoras bem bacanas. E depois eu comecei a encontrá-los eu mesma nos festivais que frequento. SPINVIS, Roosbeef e Andre Manuel são alguns dos meus favoritos - e eu curto mais esses estilos alternativos...

 

Música holandesa: bom nos mais diferentes estilos

Mas os holandeses também fazem música boa nos mais diferentes estilos - do pop-rock de BLØF ao RAP de Sven Alias, todos cantando em holandês!

Os "Singer-Songwriters"são tão populares a ponto de, entre 2012 e 2015, haver um programa na TV holandesa chamado de "De beste singer-songwriter van Nederland" (O melhor cantor e compositor da Holanda). Aliás, você sabia que o formato do The Voice é holandês?

Bom, a minha dica para quem quer fazer "turismo musical" é ir ao show do Nielson. Ele participou da primeira edição do DBSSVN. Não venceu, mas de uns dois anos pra cá se tornou mega popular, um BNer, como eles dizem por aqui. Ou seja, um holandês famoso (Bekende Nederlander), daqueles que precisam se casar às escondidas para ter um pouco de privacidade ou de tomar cuidado com o que faz com seu dinheiro para não se tornar um escândalo.

Nielson canta e compõe em holandês. Sua música é divertida e seus shows são engraçados. As letras falam de amor e possuem a espontaneidade e provincialismo que a gente vê nos holandeses quando, por exemplo, pedimos alguma informação sobre endereços em Amsterdam.

Então vá ao show dele e dance com "Ik voel me sexy als ik dans" (me sinto sexy quando danço) ou "Ik heb een meisje thuis" (minha mina está em casa).

Mesmo que você não entenda nada, coloca os vídeos dele pra rolar no YouTube pra entrar no clima e corre pra adquirir ingressos! (Quando eu estava escrevendo essa coluna os ingressos com o after party já estavam esgotados!)

E... já pensou que essa pode ser uma maneira de aprender holandês? 😉

Serviço

Nielson no AFAS Live (antigo Heineken Hall)

Para chegar lá, basta ir de metrô ou trem e descer na estação Amsterdam Bijlmer ArenA. Os ingressos custam 32,50 euros e podem ser adquiridos aqui.

Exposição de arte em Amsterdam: Samuel Jessurun de Mesquita, artista judeu professor de M. C. Escher

Quando e onde: Até 11 de junho no Joods Historisch Museum (Museu histórico Judaico)

Samuel Jessurun de Mesquita foi um desenhista, aquarelista, xilogravurista, gráfico e professor de desenho que viveu em Amsterdam, próximo ao Artis (que é bem mais que um zoológico, você precisa visitar!). Animais e plantas estão muito presentes em seus trabalhos.

Aliás... Mesquita. Soa português? Pois é! Grande parte da comunidade judaica que viveu na Holanda antes da Segunda Guerra mundial é de origem portuguesa!

O que fazer em Amsterdam em março
Autorretrato do artista judaico Samuel Jessurun de Mesquita. Ele tinha ou duas coisas a ensinar a M. C. Escher. (Obra em domínio público. Original no Joods Historisch Museum. Ilustração retirada da nl.wikipedia.org)

O artista também fez muitos desenhos guiados por espíritos - e a diferença de um desenho de Mesquita e outro de um espírito, embora ambos tenham sido feito por ele, são enormes!

De Mesquita foi professor de desenho e um de seus alunos mais conhecidos é Escher - que tem museu próprio em Haia, e vale demais a visita - dá uma lida aqui! As últimas obras de Mesquita datam do início dos anos 1940. Em 1944 ele foi deportado para Auschwitz, onde foi morto junto com esposa e filho.

Grande parte de suas obras fazem parte do acervo do Joods Historisch Museum (Museu Histórico Judaico) e que estão expostos até 16 de junho nesse museu

Serviço

Samuel Jessurun de Mesquita em exposição até 11 de junho no Joods Historisch Museum, que fica na Nieuwe Amstelstraat 1. Para chegar lá, basta pegar o metrô, linhas 51, 53 ou 54 e descer na parada Waterlooplein e procura a saída Nieuwe Amstelstraat. Os ingressos custam 15 euros.

Exposição histórica em Amsterdam: África do Sul e Holanda - laços que iniciaram em 1600

Quando e onde: Exposição no Rijksmuseum até 21 de maio

A Holanda tem também um passado de navegação e colonização, em alguns lugares melhores sucedidos do que em outros. Já foram "donos" de Nova York, mas acabaram trocando pelo Suriname (o Daniel conta essa história aqui).

Já a África do Sul foi colônia holandesa até 1795. E, de novo, perderam a disputa para os ingleses. Mas entre 1652, quando o comandante Jan van Riebeeck chegou ao Cabo até a entrada dos britânicos, os holandeses construíram uma história que dura até os dias de hoje nesse país bem ao sul do continente africano.

O que fazer em Amsterdam em março
Quadro "De landing van Jan van Riebeeck", ou "A chegada de Jan van Riebeeck", por Charles Bell (Obra em domínio público, ilustração retirada de http://historiek.net/)

Histórias como os encontros com as etnias San e Khoikhoi, o estabelecimento dos holandeses no local. Eles se autodenominavam "Afrikaanders" e criaram seu próprio idioma o "Afrikaner" - que mistura idiomas locais com os holandeses.

Orgulho e preconceito na ligação histórica entre Holanda e África do Sul

Uma parte menos honrosa dessa história tem a ver com o tráfico de pessoas. É um passado que os holandeses têm menos orgulho, embora tenha os tornado uma das economias mais poderosas do mundo por terem traficado cerca de 550 mil pessoas do continente africano para trabalharem forçosamente, sem pagamento e em condições desumanas em diversas partes do continente americano.

Alguns séculos mais tarde e a Holanda passa a se orgulhar novamente da sua relação com a África do Sul por ser contra o Apartheid - embora empresas como Shell e Makro tenham sido culpadas de apoiar essa divisão das pessoas por raça na África do Sul. A visita de Nelson Mandela, quatro meses após ter saído da prisão (em 16 de junho 1990) tornou a Leidseplein um mar de pessoas que apoiavam a sua luta.

A Exposição Goede Hoop - Zuid Afrika en Nederland vanaf 1600 (Boa Esperança - África do Sul e Holanda a partir de 1600) traz toda essa história com peças raras, como um manto da etnia San ou um banco escrito "somente para brancos", fotografias e pinturas de artistas holandeses que lá estiveram.

Penso que é muito importante os holandeses mostrarem a sua história - mesmo aquelas partes que atualmente dá vergonha, mesmo a história sendo recontada sob a perspectiva dos colonizadores, reconhecem o papel deles. Mas a exposição dá também a oportunidade de, aos domingos, fazer um tour guiado (também em inglês) por sul-africanos, que dão um tom mais pessoal à histórica relação entre os dois países.

Serviço

O Rijksmuseum fica na Museumplein e funciona das 09h às 17h. É um dos museus mais importantes da Holanda e você pode comprar os ingressos para essa exposição na página de ingressos do Ducs. O tour guiado por sul-africanos é das 16h às 17h e custa 5 euros.