Eu sei: esse é um artigo para quem mora em Amsterdam, não serve muito para quem quer alugar um carro como turista. Pra esses casos, você pode usar locadoras de carro tradicionais. Eu vou contar de uma curiosidade da vida aqui.
Desde que mudamos para Amsterdam, não temos carro. Eu não posso dirigir de toda a forma, quem dirige é apenas a Carla. Na maior parte do tempo usamos transporte público, bike ou andamos a pé.
Sim, Amsterdam é o paraíso das bikes, e elas são em geral o melhor meio de ir de um canto pra outro na cidade.
Porém, depois que nossa primeira filha nasceu, tem umas poucas vezes no ano em que ter um carro pode ser prático. Mas não prático o suficiente para justificar efetivamente ter um. Não, carro ainda não compensa pra gente ter. Como fazer?
Alugando um carro da vizinhança
Carro compartilhado! Mas tipo, não é juntar com os vizinhos e fazer vaquinha pra rachar a gasosa no fim do mês. Existem empresas que oferecem esse programa de carro da vizinhança. É bem bacana. Nós usamos a Green Wheels.

Funciona assim: você paga uma pequena quantia por mês e quando precisa pode pegar por algumas horas um carro deles que fica estacionado na vizinhança (eles tem diversos carros espalhados pelas vizinhanças na Holanda toda, não é só em Amsterdam).
Você reserva no site ou app as horas que quer usar, vai até o carro, usa seu cartão de transporte público (tem que ter cadastrado antes) para abrir o carro, a chave está no porta luvas acoplada a um computador, e aí você dirige e tal e depois estaciona no mesmo local, em geral perto da sua casa.
Quem estiver usando o carro e o tanque baixar de 25%, tem que ir até um posto e abastecer, pagando com um cartão que fica dentro do porta luvas também (não rola usar esse cartão pra outros carros nem outras coisas, relaxa).
Supimpa, né? Eles descontam o seu uso direto na conta. E nós não usamos nem todo mês, aliás, é poucas vezes por ano. E eles ficam com a dor de cabeça de manutenção do carro, pagar a vaga fixa dele, essas coisas.
Claro, tem vezes que você quer o carro e alguém já alugou (daí tem que ir pegar um um pouco mais longe - nunca ficamos sem carro nenhum), e tem vezes que os porconildos que usaram o carro antes de você não limparam o lixo. Nhé. Ainda assim, compensa de longe pra gente.
Mas a Green Wheels não é a única brincando de carro compartilhado. É apenas a que usamos.
Carro compartilhado elétrico
Tem também a Car2Go, que fornece carros elétricos, tem em diversos países, e agora na Holanda também. É mais espontâneo do que o Green Wheels: você não precisa entregar no mesmo lugar que pegou, basta estacionar em algum lugar da área de operação (e, óbvio, né, não pode estacionar ilegalmente).

Bom, mas aí como você acha um Car2Go? Hey, século 21, amigo: com um app. O app te mostra onde tem um carro mais próximo e aí você vai e aluga. Inclusive, se você vir um carro na rua, e ele estiver livre, você não precisa nem reservar. Só acionar o sistema via app ou cartão, destravar e entrar. Se não, pode fazer uma reserva até 30 minutos antes do uso. No app tem um mapa com a localização dos carros.
Aliás, se você é membro do programa, pode inclusive usar o Car2Go nas outra capitais em que ele existe, mesmo em outros países, o que eu achei bem interessante.
Os Car2Go são elétricos e são smart, ou seja, minúsculos. A vantagem é que, bem, o carro cabe em qualquer lugar. A desvantagem... bom a Holanda é o país com maior média de altura do mundo, calcula os holandeses se auto-zipando pra se compactar dentro de um carro smart. E o porta-malas é simbólico, mais pra porta-pochetes. E, bem, se for encarar subida, o motor não é o mais possante. Sorte que a Holanda é basicamente plana (dizem que se você subir num banquinho dá pra ver a Bélgica, mas é maldade.)
De toda a forma, de acordo com amigos meus que usam, são flexíveis e práticos. E ser elétrico tem a vantagem ambiental sobre um carro a combustão.
Amsterdam não é uma cidade feita para carros. Quase foi transformada em uma, mas os holandeses teimaram e, na Holanda toda, brigaram pra as cidades aqui continuarem sendo mais amigas do pedal do que do motor. Deu certo. Amsterdam, com um pouco de prática e cuidado, ainda pertence às bikes.
Mas se é pra usar carro, eu prefiro um esquema desses. Acho muito menos desperdício do que cada um ter seu carro pra ficar parado na maior parte do dia...
(Aviso: eu não recebi absolutamente nada para falar dessas empresas, escolhi a pauta espontaneamente porque achei uma curiosidade interessante, e as informações eu colhi nos sites das empresas, linkados no texto, conversando com amigos e de experiência pessoal minha e da Carla.)