Sexta feira de tarde, estava eu em um trem zunindo em direção a Haarlem, cidade mega charmosa perto de Amsterdam (e a capital da província de Noord-Holland). Sempre curto visitar Haarlem.
Mas dessa vez eu estava indo como convidado pra uma festa organizada pela KLM. Coisa grande, o prefeito de Haarlem e o CEO da KLM estariam lá. Um festão de aniversário, pra brindar com os amigos e parceiros os 98 anos da empresa de aviação mais holandesa do mundo.
Vamos brindar em Haarlem o aniversário da KLM e um lançamento
O cenário condizia com a escala do evento: eu tava indo para a linda e imponente Grote of Sint-Bavokerk, ou A Grande Igreja de São Bavão, que domina o Grote Markt, a praça central de Haarlem. Lindos vitrais, lindo órgão, tudo pronto para brindar e lançar mais uma casinha miniatura no estilo de cerâmica tradicional holandesa, a Delft Blue. A de número 98 da coleção da KLM.
Tudo muito bacana, mas... por que Haarlem? Digo, a cidade é linda (e a primeira que indico entre 5 cidades para visitar perto de Amsterdam, mas por que não Amstelveen, onde fica a sede da KLM, ou Amsterdam, capital do reino? E em Haarlem, por que a Grote of Sint-Bavokerk? Por que o prefeito estaria lá também? E o que é essa casinha?
O que são as casinhas da KLM: um brinde desejado
O lance é assim: lá nos anos 1950, as empresas aéreas não davam brindes para seus passageiros. Era, dizem "competição desleal", dá pra acreditar? Bom a KLM começou a servir uma dose de jenever (um tipo de gim holandês) em uma casinha de cerâmica. "Ué, tem que servir gim em copo? Tem alguma lei contra servir em casinhas?", respondeu a KLM como conta o blog oficial da empresa aqui.
Tecnicamente não era um brinde, mas você poderia brindar e ficar com a casinha. As casinhas fizeram grande sucesso e rapidamente viraram item de colecionador. E assim nasceu a tradição de presentear os passageiros da World Business Class em voos intercontinentais. Cada casinha é na verdade uma miniatura de uma casa ou edifício real na Holanda.
A partir dos anos 1990, a KLM passou a lançar uma casinha nova a cada aniversário em outubro. Noventa e oito anos, noventa e oito casinhas. Qual seria a de 2017?
Eu estava lá para descobrir primeiro.
A casa de Anthony Fokker, pioneiro da aviação, empresário, morador de Haarlem
Quando o jantar acabou, todos se voltaram para o palco para ouvir Pieter Elbers, CEO da KLM acabar com o mistério de porque Haarlem. A linda cidade foi o lar de Anthony Fokker, pioneiro holandês da aviação. Ele contou da interligação da KLM com Fokker e sua empresa de aviões. Os primeiros aviões que a KLM comprou foram dois Fokker F.II. Pagou 45 mil florins pelo par, o equivalente a 20 mil euros hoje.
(No começo desse mês a KLM comprou seu mais recente avião por 350 milhões de euros).
Desde então, a KLM e a Fokker desenvolveram uma longa história juntos.
A seguir, o prefeito de Haarlem, Jos Wienen, contou um pouco mais da ligação da cidade. Fokker não nasceu lá, mas se mudou muito cedo, com quatro anos de idade. Morando na casa da família, ele pode perseguir seu interesse por aviação e foi em Haarlem em 1911 que fez o histórico voo circulando a Igreja de São Bavão... onde estávamos agora....
O CEO da KLM e o prefeito nos convidaram a olhar para trás e, do fundo da Grande Igreja passou sobre nós uma nuvem de balões azuis e brancos, trazendo no melhor estilo UP, uma pequena casinha, a miniatura em Delft Blue número 98 da KLM:
A casa onde Fokker cresceu em Haarlem!
Wow!
Fokker, fim de uma era, Embraer, início da próxima
A casinha pousou no palco, e o prefeito, o CEO e o atual morador da casa de Anthony Fokker brindaram a novidade, ao fim de uma era e o início da próxima.
Digo fim de uma era, porque agora em outubro a KLM está aposentando o seu último avião Fokker. Eles serviram bem por décadas, mas com o fechamento das fábricas da Fokker e o fim da empresa, é hora da nova geração de aviões modernos assumir os ares. E foi a brasileira Embraer a escolhida para fornecer os novos aviões... mas isso você já sabia:
E essa era a peça que faltava no quebra cabeças: a KLM escolheu a casa de Fokker para comemorar o seu papel na história não só da companhia, mas da aviação. E é muito legal de pensar sobre...
A importância da tradição numa indústria tecnológica como a aviação
A aviação é uma indústria onde a tecnologia de ponta é fator determinante. Novas tecnologias na aviação querem dizer mais segurança, mais eficiência, melhor preservação do ambiente. A aviação olha para o futuro, e isso é bom. Quem não se atualiza, fica pelo caminho. Justamente por isso é impressionante uma empresa se manter no mercado por 98 anos.
A casinha de aniversário celebra a tradição, o respeito com o passado, sem estar preso a ele. Não sei quais tecnologias surgirão, mas ano que vem trará uma nova miniatura. Até lá, brindemos a história de Fokker e aos 98 anos da KLM com um gole de Jenever direto da casinha 98.
Feliz aniversário, KLM. Proost!
Eu ganhei minha casinha na festa, mas se você quiser a sua, pode escolher sua passagem KLM nesse link AQUI!