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Uma vila mágica perto de Amsterdam: Ruigoord, onde a arte e diversão moram

Perto de Amsterdam existe um lugar onde as pessoas têm coragem de ser elas mesmas, um mundo de aventuras, dos contos de fadas, onde tudo é mágico e quase tudo pode...

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Ruigoord é um pequeno vilarejo perto de Amsterdam, descrito pelos artistas que inicialmente o ocuparam como “o único lugar tranquilo na Europa”. Quem frequenta sabe que lá “pode encontrar o que não há no resto da Holanda”.

Ruigoord fica entre a cidade de Amsterdam e Haarlem, numa zona portuária onde também está um polo petroquímico. Disputou seu espaço com o progresso e segue existindo com muita cultura e liberdade… (e deve resistir pelo menos até 2027...)

Na programação de Ruigoord, diversos festivais multidisciplinares reúnem públicos de gostos e idades variadas, da música erudita ao reggae, passando pela disco e folk, com poesia, alegria e muita diversão para quem se despoja dos valores impostos pela sociedade e se veste com a própria honestidade.

Em Ruigoord você encontra adultos fantasiados de elfos ou fadas, crianças que correm livremente e nem têm tempo de lembrar que existem smartphones, idosos que fazem jam sessions e jovens que dançam e cantam em círculos ou ritmos percussivos… neste vilarejo cultural, o palco principal é uma igreja, que foi cedida aos artistas pelo próprio padre que antes ali pregava. Mas as áreas ao redor das casas também são usadas para as atividades culturais e as casas tornaram-se ateliês de arte.

Como uma ilha se transformou numa aldeia cultural na Holanda? A história de Ruigoord

A área onde está o vilarejo de Ruigoord já era habitada no século 11! No entanto, era rodeada de água, ou seja, era uma pequena ilha. Nos anos 1960, a prefeitura de Amsterdam comprou as terras (e águas) da região, que fica perto do porto, para desenvolver ali um pólo petroquímico.

Primeiro, acabou com a ilha: aterrou o rio “IJ” para ganhar mais espaço. Depois “expulsou” os moradores – e até a igreja foi vendida. Tudo e todos deveriam dar lugar ao progresso.

Mas dois escritores holandeses, Gerben Hellinga e Hans Plomp, encabeçaram o movimento de resistência, não aceitavam que os moradores fossem desalojados desta maneira bruta. “Mas aqui não é a região amazônica pra eles expulsarem as famílias originais e ninguém falar nada," chega a comentar um deles em um documentário exibido em 1991 pela TV holandesa (link com o vídeo em holandês) a respeito da ocupação que realizaram.

E foi o padre da igreja de Ruigoord quem abriu as portas para os artistas. Segundo Hans Plomp, no mesmo documentário, o vigário havia pedido aos artistas para que salvassem a igreja, já que ele não havia conseguido: “não deixem Ruigoord morrer”, teria dito o padre.

Em julho de 1973, um grupo de artistas e de antigos moradores reocuparam o local. A partir de então, foram 19 anos de lutas jurídicas pela permanência deles no local, mas também de muitos festivais como o Landjuweel, que existe há 33 anos.

Resistência artística criando um cenário alternativo

Devido ao avanço das indústrias, desde 2000, o local ficou inabitável. Mas as antigas casas foram convertidas em ateliês - e diversos artistas continuam ocupando Ruigoord. Os festivais continuam sendo frequentados por “pessoas autênticas, que brilham por dentro e por fora”, nas palavras de Hans Plomp.

Ruigoord deve existir como “O” cenário alternativo de Amsterdam pelo menos até 2027, que é quando o contrato de locação entre a associação dos artistas e os proprietários da terra termina, de acordo com o jornal amsterdamês Het Parool. Então ainda tem um tempinho para você conhecer o vilarejo mais “paz e amor” da Holanda.

Em 1979 a igreja de Ruigoord celebrou o casamento fictício de dois rock stars: o holandês Herman Brood com a alemã Nina Hagen. O padre é representado por Simon Vinkenoog, poeta holandês falecido em 2009 e que também tinha um ateliê em Ruigoord. Tem até vídeo:

O que fazer em Ruigoord: Os festivais e atrações

Em Ruigoord você encontra o que há de mais moderno e que nenhum computador no mundo poderá subsitituir: a espontaneidade e a criatividade... com alguns limites.

No início havia dito que quase tudo pode em Ruigoord. Sim, há algumas regrinhas de convivência. Drogas pesadas, por exemplo, não entram. Dá uma olhada aqui nas outras regras (em inglês e holandês).

Seguindo as regras, pode curtir os festivais:

Landjuweel: dança, teatro e poesia

Landjuweel é um festival que foi desenhado, há 33 anos, para seguir a tradição medieval de poesia.

Mas o evento cresceu e tornou-se multidisciplinar, misturando o talento de jovens artistas holandeses e internacionais nas diferentes formas artísticas: dança, teatro, artes plásticas, poesia, arte experimental, workshops, atividades para crianças e cheio de surpresas; é possível inclusive acampar no terreno do festival!

Tradicionalmente, o Landjuweel acontece no fim de julho ou início de agosto – este ano este festival já ocorreu.

Natural High Festival, um festival em alta sintonia

O Natural High Festival se propõe a deixar seus frequentadores em sintonias elevadas, digamos assim. Yoga, massagens, tratamentos e cursos holítiscos, xamanismo, música e comidinhas (inclusive vegana) estão inclusas na programação. Este ano, o festival acontece em 17 de agosto, das 13h à 1h. A programação completa deve estar em breve aqui.

Artes e artistas de Ruigoord

O “Openbare Werken” e o “Ruigmarkt” acontecem de 28 a 30 de setembro. O primeiro (Openbare Werken) proporciona a oportunidade de conhecer o vilarejo, os ateliês e os artistas locais. Já o Ruigmarkt é uma feira ao ar livre que vende as obras dos artistas que ali trabalham.

Também destaco na programação, o Ruigoord Schaaktoernooi, ou seja, o torneio de xadrez de Ruigoord. Este ano, será nos dias 8 e 9 de setembro. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected], a inscrição custa 10 euros e, caso precise, eles também oferecem alojamento.

Recomendo qualquer evento que aconteça em Ruigoord. Veja aqui a programação completa  e permita-se viver momentos de absoluta liberdade.

Como chegar em Ruigoord

Na estação Sloterdijk pegue o ônibus 382. Dá uma meia hora de viagem.