Seguir a rota do Festival das Tulipas pode render ótimas fotos e complementar aquela sua visita ao Keukenhof.
As tulipas na Holanda já foram objeto de especulação econômica no século XVII, serviram de alimento aos famintos durante a II Guerra Mundial e agora podem até ser bebericadas na forma de vodca ou licor.
Acontece que, nas últimas décadas, elas estiveram menos presentes na paisagem primaveril em Amsterdam. É que a prefeitura plantava mais narcisos do que tulipas por serem mais baratos e mais fáceis de cuidar, de acordo com o jornal holandês Telegraaf.
Para que essa flor elegante e que se transformou em um dos símbolos da Holanda voltasse a se popularizar na cidade, a designer de jardins Saskia Albertcht teve a ideia de organizar o Festival das Tulipas em 2015.
De 30 de março a 30 de abril, as tulipas podem ser vistas em mais de 85 locações. Jardins de museus e hotéis, parques, praças e canais participam do Festival das Tulipas. Para observar a diversidade de cores e tipos de tulipas, basta andar ou pedalar pela rota sugerida pelo guia do festival.
Abaixo algumas impressões do festival no ano passado:
A ideia do festival é que seja plantada uma tulipa para cada morador e, ao mesmo tempo, para que cada morador ofereça uma tulipa para quem visita a cidade. O Festival convida empresas, escolas, museus e lojas a doarem tulipas para o festival. Para 2019, centenas de milhares de tulipas foram plantadas no solo e em potes espalhados pelos bairros amsterdameses, mas ainda não chegou a 850 mil, que é o número de habitantes da cidade.
Para podermos ver tantas tulipas em abril, o mês ideal do florescimento, o festival organiza, no outono anterior, eventos como o “Plantdag”, ou seja o “Dia de Plantar”. Voluntários são convidados a botar as mãos na terra para o cultivo dos bulbos. Somente no Vondelpark, crianças e adultos plantaram 30 mil tulipas em 2018!
Tulipa da paz em Amsterdam
Na rota do festival há também alguns tipos de tulipas que só serão vistos em locais específicos. Nos arredores do Hotel Hilton foram plantadas as tulipas brancas batizadas de “peace”, em homenagem aos 50 anos do protesto contra a guerra do Vietnã que ficou mundialmente conhecido como “bed-ins-for-peace” (na cama para paz), realizado por John Lennon e Yoko Ono no quarto 702 daquele hotel.
Já o Van Eesteren Museum adotou as tulipas amarelas chamadas de Cornelis van Eesteren – o urbanista que dá nome ao museu. Estas tulipas foram cultivadas de maneira sustentável. E a espécie batizada de Jakoba Mulder só pode ser vista no Amsterdamse Bos. O parque, que completa 85 anos, adotou esse tipo de tulipa que ganhou o nome da arquiteta que o projetou.
As tulipas podem ser vistas em praças, como a da nova estação de metrô no Noord, mas também na Piet Heinkade, em Oost ou no Sloterplas, em Nieuw-West, ou seja, espalhadas de norte a sul da cidade.
No guia do festival, disponível a partir de 30 de março, está a descrição das centenas de tulipas e onde elas podem ser vistas. Aqui você encontra o mapa de estabelecimentos onde pode adquirir o guia, por 2 euros.
Como as tulipas chegaram na Holanda?
Embora tenham se tornado famosas na Holanda, as tulipas são originárias da Ásia Central. Elas foram encontradas nas altas montanhas do Cazaquistão pelos “caçadores de plantas” do império Otomano, onde atualmente fica a Turquia.
No século XVI, tornou-se a flor favorita do sultão Solimão, o Magnífico, que presenteou o diplomata, escritor e fitoterapeuta flamenco Ogier Ghiselin De Busbecq com um exemplar. De Busbecq, por sua vez, era amigo do professor flamengo Carolus Clusius, que era botânico e plantou a tulipa no Jardim Botânico de Leiden. E, dessa forma, a tulipa chegou à Holanda, em 1593.
Clusius, que não queria vender a planta, teve bulbos de tulipa roubados e, a partir daí, passou a ser comercializada. Algumas décadas mais tarde, em 1634, a flor causou a primeira bolha de especulação econômica. Há quem diga que houve quem trocasse uma casa num famoso canal de Amsterdam por uma única tulipa!
A especulação com a flor foi proibida em 1637. Seguiu inspirando artistas como a pintora holandesa Judith Leyster, e na II Guerra Mundial a flor volta a ser protagonista, desta vez salvando vidas. Entre os anos de 1944 e 1945, quando havia escassez de alimentos, seus bulbos saciavam a fome dos holandeses por possuir altos teores de amido. As tulipas são utilizadas até hoje em receitas e podem substituir as cebolas.
Estas e outras histórias estão descritas e comprovadas com imagens no Museu da Tulipa de Amsterdam.
Serviço para o Museu das Tulipas em Amsterdam
O Amsterdam Tulip Museum fica no Prinsengracht, 116, no Jordaan. Os trams 13, 14 e 17 passam por lá e o ingresso custa 5 euros.