No começo deste ano, em pleno invernão gelado, fomos visitar Praga. Apesar de conhecer Praga ser um desejo antigo nosso, turismo não foi o motivo mais importante.
É assim: sabe aqueles amigos que de tão amigos já são família? É desse jeito com o érre (tá, Rodrigo é o que tá escrito, dizem, na certidão dele) e a Aline. Foi na casa deles que tomamos o porre pré-mudança pra Holanda em 2007 e foram eles que nos levaram pro aeroporto no dia seguinte, sem balançar muito que a gente tava de ressaca.
E agora eles estavam indo visitar a Europa pela primeira vez, e iriam passar por Praga primeiro, porque o irmão do érre, o Badá, mora com a esposa, a Sarah, por lá. Oras, como resistir a amigos, mais amigos (que são inclusive locais), neve e Praga? Bora!
Planejamento: Onde ficar em Praga
Nós escolhemos um hotel exclusivamente pela localização: o mais perto possível da casa do Badá e da Sarah. Pra achar um usamos o Booking.com. Agora, "perto da casa do Badá e da Sarah" não é um critério essencial pra todo mundo, reconheço. Então, é melhor dar uma pesquisada por outros critérios. Se quiser, eu ensinei como usar o Booking pra achar hospedagem. Se você já sabe, manda ver na busca:
Planejamento: Como ir de Amsterdam à Praga
1. Trem
Dava pra considerar o trem. Tem um noturno que vai de Amsterdam até Praga direto. A viagem dura um tico mais de 14 horas, e você pode reservar diversos tipos de acomodação, com banco, ou cama, mais ou menos espaço etc. Se você tiver com energia de sobra, pode também fazer baldeações, como em Berlim, por exemplo. O melhor lugar pra pesquisar suas opções de trem entrando ou saindo de Amsterdam é via a NS Hispeed, o site internacional de trens da Holanda.
2. Ônibus
Também dá pra ir de busão (ônibus, autocarro, bumba, bus, autobus: tudo a mesma coisa, embora "busão" me torne um pouco mais velho). A famosa Eurolines oferece destinos diversos com saída de Amsterdam, e Praga é um deles. Dá uma espiada no site. É mais barato, demora as mesmas 14 horas e pico do trem, mas é bem menos confortável.
3. Avião
E é claro, tem avião, que foi o que escolhemos. A falência da SkyEurope diminuiu bastante as opções (e aumentou os preços, e deixou um monte de gente na mão). Mas como ainda tínhamos alguma antecedência, conseguimos uma promoção da KLM. Nessas horas, assinar a newsletter deles ajuda. Pros curiosos, saiu €149,00 por pessoa (ida e volta), então desencanamos de trem e ônibus e compramos a passagem da KLM mesmo.
Viagem emocionante
Parecia uma boa idéia, mas esse vôo de ida tava meio zicado desde o começo. A KLM começou a nos ligar, cada hora remarcando o vôo pra mais cedo. Havíamos escolhido sair às 8h50, acabamos, após duas ou três remarcações, saindo às 7h25. Como é vôo internacional, tem de chegar uma hora e meia a duas antes da decolagem, e daí tome os Ducs a madrugar. Sorte que morávamos perto de uma estação que tinha trem direto pro Schiphol, chegando em poucos minutos.
Quando fomos embarcar, descobrimos que nossa carruagem aérea seria o Fokker 70, que nada mais é que um busão de asas. Quando entrei no avião, procurei o cobrador, mas felizmente não tinha. Nem câmbio de caranguejo ao lado do motorista. Ufa.
No meio da viagem, eu tava lendo feliz após o sandubão da KLM, quando senti uma forte inclinação lateral, daquelas bem características de "estamos fazendo uma curva 180° em forma de U" da aviação. Levantei os olhos do livro pra encontrar os da Carla do tamanho de pires.
— Quanto tempo de vôo estamos?
— Não o suficiente…
O tempo de vôo entre Amsterdam e Praga é 1h35 e voávamos a mais ou menos uma hora.
Entrou um anúncio em holandês. Engolimos ambos em seco: "nhé, nosso holandês não é bom, entendemos errado…"
Pelo jeito o medo frio melhora o holandês das pessoas, porque havíamos entendido direitinho. Devido a um defeito técnico, a aeronave-busão estava retornando a Amsterdam. Os comissários estariam felizes em responder as dúvidas dos passageiros. As mãos pularam pro ar:
— Tovarish, eu tenho uma conexão pra Moscova e dali pra Sibéria!
— Herr Komissar, eu preciso embarcar ainda de manhã pra…
— Danem-se as conexões, que diabos de defeito técnico é esse?!
Essa era a Carla. O comissário de bordo assegurou que não era nada grave, só um probleminha de nada na asa, tudo iria ficar muito bem… O que soou parecido demais com aquelas frases de filme que prenunciam algumas horas de terror absoluto e não teve, portanto, o efeito tranqüilizante desejado. O suco da Carla tremia mais do que se tivesse turbulência quando ela segurava o copo.
No fim das contas chegamos em Amsterdam bem, pegamos outro Fokker 70, ganhamos um sanduba extra e chegamos mais tarde do que chegaríamos se tivéssemos saído às 8h50 como planejado originalmente. E no fim a Carla nem comeu o sanduba extra.
Ah, e porque voltar a Amsterdam em vez de ir até Praga? Bem, Schiphol é a base da KLM, e lá eles têm técnicos e peças, enquanto que em Praga eles poderiam ficar ilhados com a aeronave. Probleminha é? Sei. Mas vamos olhar pelo lado positivo: ganhamos dois vôos pelo preço de um! 🙂
Como sair do Aeroporto de Praga para o metrô
E o Badá e a Sarah ainda haviam ido ao aeroporto de Praga de surpresa, pra nos receber. Tadinhos, ficaram plantados lá esperando sem saber o que acontecia. Mas foi muito bom encontrar uma recepção de amigos!
Eles nos guiaram do aeroporto de Praga (Praha Ruzyn?) até a cidade. Usamos o ônibus, e aqui estão as dicas do Badá pra ir do aeroporto até a cidade:
Existem duas linhas que ligam o aeroporto à primeira estação da linha verde (A) do metrô (Dejvická), a 119 e a 254. A 119 tem um trajeto mais direto, enquanto que a 254 dá um pouco mais de volta, mas no fim o tempo de trajeto é mais ou menos o mesmo, então pode pegar a próxima que sair. Há também a opção da versão "expressa" da linha 119, o AE. É o mesmo trajeto, mas pára somente no aeroporto e no metrô, sem paradas intermediárias. E por fim, a linha 100 liga o aeroporto à linha amarela (B) do metrô, embora a maioria dos turistas deva usar a linha verde mesmo.
Veja o mapa do metrô de Praga.
Mais pra baixo eu vou falar do transporte de Praga, aí tem mais dicas.
Coroa Tcheca
O dinheiro da República Tcheca é a Coroa Tcheca. Parece que pra converter pra real era fácil — algo como dividir por 10 — mas pra euro é um pouco mais complexo, um euro custando cerca de 24 ou 25 coroas. O efeito resultante é que eu não tinha muita idéia dos preços. O número grande assustava, mas depois eu fazia uma conta e ficava mais aliviado. O que não acontecia na Suíça, pra onde viajamos em 2009. Lá, eu via a conta em CHF e saltava da cadeira: "puta merda, QUANTO?!'", pra a seguir me acalmar e lembrar "ah, tá em CHF, deixa eu converter pra euro…", só pra berrar "puta merda QUANTO?!" de novo. A Suíça é cara.
Não a República Tcheca, na verdade. Os preços eram em geral bem razoáveis. Comida é especialmente barato. Claro, nós comíamos fora do centro turístico, cortesia de nossos amigos locais, mas ainda assim não era caro. E cerveja é mais barata que água na República Tcheca 🙂 Uma refeição com bebida (*cof* cerveja) pra duas pessoas saia uns 10 euros (250 coroas), fora do centro. Conta fechada, com tudo. Talvez o centro turístico seja o dobro disso, o que ainda é barato, especialmente pra quem está acostumado com Amsterdam. Lugarzinho caro pra comer (a não ser que você siga as dicas de onde comer barato em Amsterdam que eu escrevi é claro 🙂 )
Confesso que eu tive momentos de flashback dos meus tempos do Cruzeiro (a moeda, não o time), com coisas simples custando números altos. Isso me levou a fazer diversas piadas infelizes com os meus anfitriões, quando eu pegava uma moeda de euro ("veja, acabei de dobrar o produto interno bruto da República Tcheca" ou "Achei 5 euros no bolso, acho que vou comprar uma cidade aqui". Não tenham dó deles, eles se vingaram quando vieram visitar Amsterdam logo depois, com suas próprias piadinhas. Eu ouvi mais ou menos quieto, já que mereci e também porque eu não tinha resposta na maioria das vezes. Dica: se provocar o Badá, güenta a volta 🙂 )
Pra sacar coroas Tchecas eu simplesmente usei meu cartão de banco holandês, que é parte de uma dessas grandes redes de cartão, saquei a moeda local e deixei ele converter na minha conta bancária. Se não quiser usar o truque de sacar direto do caixa com as redes Maestro/Visa Electron/Cirrus e quetais, tem casa de câmbio no aeroporto e centro. Euro, até onde eu vi, não é aceito.
As moedas são: CZK 1, 2, 5, 10, 20, 50. Notas tem de CZK 50, 100, 200, 500, 1000, 2000, 5000.
Comendo em restaurante em Praga
Um país carnívoro
A República Tcheca é profissa no lance de ser carnívora. Pra eles frango dá em árvore e peixe nem cheguei a ver (talvez por eles não terem mar e ficarem com pesca de rio apenas, mas tô especulando. Pode ter sido só coincidência). Há quem diga o contrário, mas a minha experiência é a seguinte: vegetariano, na República Tcheca, quer dizer alguém que não come exclusivamente bacon no café da manhã. Chegamos a ver no menu de um restaurante uma sessão chamada "vegetarian" (era um menu em inglês, outra raridade). Um dos ingredientes da salada era bacon. Heh. Bem, eu gosto de bacon 🙂 Mas vegetarianos de verdade, estejam preparados.
Decida rápido e nada de enrolar na mesa
A etiqueta dos restaurantes tchecos é peculiar. Quando se acaba de comer, eles tiram o prato na hora, mesmo que os outros não tenham terminado. Vão tirando conforme as pessoas vão terminando. E se todos terminaram, logo vem a conta. Não leve pro lado pessoal, é assim. E ao entrar, saiba o que irá querer. Muito rapidamente virá o garçom/garçonete pegar o seu pedido é bom você saber já o que quer. Ele não ficará muito feliz em voltar, se você precisar de mais tempo pra decifrar o menu em tcheco.
Inglês x tcheco nos restaurantes
Ah é, topamos com muito restaurante com menu somente em tcheco e garçons que não falavam nada de inglês (teve jantar que fizemos do pedido à negociação de gorjeta através de gestos e números escritos).
Só que isso também é porque procuramos evitar o centrão turístico e fomos a uns restaurantes mais roots, daqueles onde o povo come, alguns com PF, nesse estilo. Não foi um "problema" que encontramos, foi uma escolha que fizemos por ter uma experiência diferente, e inclusive pagamos mais barato nas refeições, o preço real, não o menu-turista.
Pratos típicos
Uma vez eu, em desespero, vendo um menu inteiramente composto na língua local, perguntei o que era determinado prato. O garçom respondeu com uma das cinco palavras em inglês que ele sabia:
"Bird".
OoooOOoquei. Certo. Huh... pedi então o tal "bird". Que tipo de ave era, frango, pato, se era assado, cozido ou algo diferente nunca saberei, porque após pedir fui informado de que não tinha. Heh. Apelei então pra um prato que todo restaurante tcheco sabe fazer ao menos uma versão razoável: o guláš (diz-se goulash). Mas é o goulash no estilo tcheco. Vem carne picada (carne de vaca ou porco), molho e é acompanhado de knedlíky. Esse knedlíky é uma massa cozida, feita à base de farinha ou batata e que acompanha uma multidão de pratos na República Tcheca. Em inglês é traduzido como "dumpling", que é o nome genérico em inglês pra bolas de massa.
Se você preferir experimentar um prato mais típico da República Tcheca, peça o Sví?ková. Tá, tó um link pra Wikipedia em inglês. Conselho de amigo, aponte em vez de falar 🙂 Eu não cheguei a pedir um pra mim, mas a Carla pediu e experimentei o dela. É bem gostoso.
Comida de rua em Praga
Ir a restaurantes é legal, mas a turma que estávamos era bem fã de comida de rua, daquelas de barraquinhas. E nos divertimos pedindo street food pra comer com cerveja, de pé no friozinho estimulante de -3°C.
Sanduíche de lingüiça
De 50 a 80 coroas compram pra você um sanduba de lingüiça numa das diversas barracas de rua espalhadas pela cidade, especialmente no centro. Existem lingüiças de diversos tipos e carnes. Vem com mostarda (de verdade, não aquela gosma amarela que por algum motivo é chamado de mostarda no Brasil) e ketchup a gosto. Eu curtia acompanhar ela com uma Budvar (a verdadeira e original Budweiser), mas a barraquinha vende outras bebidas além de cerveja. Até água, se seu delicado estômago assim exigir (...como último desejo, porque se seu estômago é delicado, almoçar salsichão em barraquinha nas ruas de Praga não é a idéia mais esperta do mundo. Né?)

Cerveja Tcheca: a Budweiser original
Cê sabia que a Budweiser originalmente é uma cerveja Tcheca? Não tem nada que ver com aquele líquido amarelo e vil que os americanos consomem. A história é assim:
Budweiser em alemão quer dizer "algo ou alguém da cidade de Budweis" (em tcheco, a cidade chama ?eské Bud?jovice), na Boemia. Lá, havia uma cervejaria que produzia cerveja com nome de Budweiser (como se fosse uma cerveja produzida em São Paulo com o nome de "paulista"). Em 1876, dois caras nos Estados Unidos "inspirados" pela cerveja da Boemia, começaram a fazer uma também, e chamaram de Budweiser também, pra dizer que era uma cerveja no "estilo da Boemia". Isso deu diversas confusões e disputas de trademark até recentemente, e até hoje a agüinha amarela americana é vendida na Europa com o nome de Bud, pra não confundir com a Budweiser Budvar, a cerveja original.
Presunto de praga
Aqui em Praga a carne é bruta, assada na rua, cortada em cima do fogo pro seu prato de plástico. Eu tava indo de lingüiça, mas o érre pediu um desses e, né, fui obrigado a experimentar. É uma delícia, e recomendo com ênfase. Tuche mostarda e mande ver.
Trdelník pra sobremesa
Trdelník é um doce tradicional, e também estava à venda nas ruas. É feito de massa enrolada ao redor de um espeto, deixando-o oco no meio. Ele fica assando e é servido com açúcar em cima. Achei gostosinho, mas nada de especial. Veja a cara dele:
Atrações turísticas de Praga
Vimos algumas, apesar de turismo não ser o motivo principal da viagem. De vez em quando, perambulando pelas ruas de Praga o Badá parava, coçava a barba, apertava os olhos num grande esforço de memória e dizia algo nas linhas de "aqui... aconteceu algo... foi importante... e isso é... tipo... muita gente vem aqui ver isso. Deve ser importante..." Memória turística não é o forte do Badá, mas tente acertá-lo com uma bola de neve (mesmo atraiçoá-lo e covardemente atingi-lo por trás não funciona: ele desvia instintivamente, e prepare-se pra receber um contra-ataque gelado de alto impacto no seu beijador — ou orelha, se estiver sem sorte).
Enfim, com os lapsos de lembrança do Badá, fotografamos e vimos algumas das atrações de Praga.
1. Relógio astronômico de Praga (Pražský orloj) e Praça da cidade velha (Starom?stské nám?stí)
Localizado na Praça da cidade antiga (Starom?stské nám?stí, sorte lá pronunciando), o relógio é uma obra de arte em movimento, e está instalado na parede lateral do antigo Town Hall (prefeitura). Ele mostra além das horas, hora do pôr-do-sol, aurora, tempo sideral e mais um monte de coisas que farão seu lado nerd se divertir por horas lendo a Wikipédia pra entender. Ou você pode apenas apreciar a beleza do conjunto. De preferência quando der a hora inteira, momento o qual as figuras do relógio ganham movimento e se apresentam pra turistada (nós).
No dia em que fomos estava uma neve razoável, o que tornou tudo mais... interessante.
2. Ponte Carlos — Charles bridge (Karl?v most)
É uma das atrações mais famosas de Praga, a ponte histórica sobre o rio Moldava (Vltava em tcheco) cuja construção foi iniciada no século XIV no reinado do Rei Carlos IV (Karel IV). Segundo a Wikipedia, foi a única maneira de cruzar o Moldava até 1841, e servia de conexão entre a cidade antiga e o Castelo de Praga, tornando Praga uma rota comercial importante entre Oriente e Ocidente.
A propósito, uma dica do Badá: os tchecos ficam meio ofendidos quando as pessoas se referem à República Tcheca como "Europa Oriental". Segundo eles, a República Tcheca fica na Europa Central, no que são apoiados pela geografia (ou seja, eles estão certos).
Voltando à ponte, ela é lindamente adornada por estátuas que só notamos quando estávamos juntando neve pra mais munição... hã... quando paramos pra admirar o lindo trabalho artístico. Infelizmente as estátuas hoje são na maioria réplicas, sendo as originais danificadas em sucessivas enchentes do Moldava.
Aliás, o Badá mostrou pra gente a marca na ponte (e em uma estação do metrô) do ponto mais alto atingido pela água em uma inundação, que ocorreu em 2002. Foi meio apavorante de ver. Ainda bem que moro na Holanda, onde a altitude do aeroporto mais importante é menos seis metros e o mar é mantido do lado de fora do país por diques. Ufa! Agora sim estou tranqüilo!
3. Castelo de Praga (Pražský hrad)
Do "outro lado" do Moldava, numa posição elevada, o Castelo de Praga observa e guarda a cidade há mil anos. Um dos maiores castelos do mundo segundo o Guiness (segundo a Wikipedia), é difícil não notar a construção e não se impressionar com ela. Tem sido sede do governo através dos tempos, hoje em dia inclusive.

Eu subi até ele, mas quando já estava tarde, então não fiz uma visita extensa ou às partes que requerem tickets (que já estavam fechadas). Há uma página em inglês com todas as informações sobre preços e horários pra visitar o Castelo de Praga.
A região em volta do Castelo também é bonita.
4. Casa dançante - arquitetura de Praga
Tá, não é assim uma mega atração a ponto de você precisar ir ver, mas é interessante de reparar se você estiver passando na frente. A casa que foi projetada pra parecer, ou lembrar, um casal dançando, abriga a Nationale-Nederlanden, uma das maiores companhias de seguro holandesas, e olhaí uma conexão Holanda-Praga! 🙂
Mas na verdade, o interessante é reparar nos prédios e arquitetura de Praga em geral. É uma cidade linda, cheias de surpresas, algumas bem arrojadas, como esse prédio, ao meio de um estilo mais clássico. Só andar e olhar a cidade já é uma atração.
5. Cemitério Olšany (Olšanské h?bitovy)
Esse é o maior cemitério de Praga, mas não é considerada uma atração da cidade. Fomos lá porque o érre queria caçar um Geocache.
Geocache é uma atividade/esporte/brincadeira/jogo que funciona assim: alguém esconde um container, chamado de geocache ou simplesmente cache, e anota as coordenadas de GPS. Daí vai e publica em um site, onde outras pessoas acessam e saem pra procurar. Tipo uma caça ao tesouro high-tech. Dentro do conteiner em geral tem um registro pra você escrever o seu nome e ver o nome de quem achou. Também pode ter uma lembrança (que se você retirar, deve deixar outra), enfim, há diversos tipos de coisas que podem ser feitas.
Mas também é um jeito de explorar lugares novos ou mesmo redescobrir áreas familiares. Alguns dos geocaches são bem criativos e estão bem escondidos. O érre tinha visto que havia um nesse cemitério de Praga e resolvemos ir lá procurar.
Como estávamos no inverno e a neve cobria a cidade, foi uma experiência e tanto, andar pelo cemitério. Enquanto o érre procurava o cache, eu tirava fotos e as garotas conversavam. Certa hora elas voltaram meio apavoradas. Ok, cemitério nevado em Praga, o que há pra assustar? Que tal isso: certa hora, um grupo de 4 pessoas passou por nós, uma delas carregando uma pá. Elas não deram muito tento, afinal, o que alguém iria fazer com uma pá em um cemitério?
Dali a pouco elas viram o mesmo grupo perambulando... só que dessa vez havia apenas três pessoas.
Hã... érre, meu chapa e se a gente, tipo, fosse fazer outra coisa em vez de procurar o cache, tipo, por exemplo, correr como loucos em pânico? Hey, eu tenho uma superstição contra pessoas desaparecendo em cemitérios nevados enquanto acompanhadas de outras pessoas portando pás!
Tá bom, não corremos, mas fato foi que o érre não achou o cache. Parece que não deu tempo.


6. Bairro Judeu (Josefov) e Franz Kafka
O antigo gueto judaico de Praga fica na cidade velha, mas muito do que é hoje um bairro foi destruído entre 1893 e 1913 (A fonte é, de novo, a Wikipedia). Restam algumas sinagogas e, infelizmente, alguns sinais atuais de estupidez humana, como a inscrição "Fora Judeus" em uma porta.
O bairro judeu é o local de nascimento de Franz Kafka, um astro pop/cult da cidade. Eu me pergunto quanto dos turistas que compram as canecas do atormentado escritor realmente leram algo dele. Não é, garanto, uma leitura tranqüila. Os escritos de Kafka tem a lógica dos pesadelos, e quando o li pela primeira vez aos 15 anos (A metamorfose), fiquei... impactado. Eu acho que ler Kafka aos 15 anos é muito mais perigoso pra mente adolescente do que coisas inócuas como ver uma dessas atrizes nuas, entretanto é a Playboy que é vendida em saquinhos plásticos, curiosamente.
Hoje há um restaurante que fica no local de nascimento do autor, a casa original foi demolida há tempos. Mas existe o museu do Kafka em Praga, de inauguração recente. Durante o governo comunista, o gênio literário não era exatamente bem visto. Ao contrário, era ativamente ignorado pelas autoridades. Não cheguei a visitar, mas se você quiser ir lá, a página deles tem versão em inglês.
Enfim, sou grande fã de Kafka (embora eu vá colocar meus livros dele na prateleira mais alta quando tiver filhos). Ou então quando meu hipotético filho adolescente reclamar da minha tirania, darei "Carta ao pai" pra ele ler. Heh, vai ser divertido.
Transporte público em Praga
No que usei, o transporte público de Praga é bastante eficiente. Têm ônibus, trams (tram é bonde) e metrô. O tram possui desde modelos mais antigos até uns bem modernos. O metrô é eficiente, e bonito, inclusive. E fundo! Pra cobrir as grandes distâncias entre a entrada e a plataforma, as escadas rolantes são as mais rápidas que eu já vi. É impressionante: fique esperto na hora de entrar e sair de uma.
Há máquinas de venda de passagens, mas elas só operam com moedas. Nas estações de metrô e no aeroporto há guichês de venda, mas não testei se aceitam cartão: usei apenas dinheiro. Em algumas estações de metrô, se você for usar a máquina, aparece do nada uma pessoa oferecendo ajuda — em troca de uma gratificação depois. A Aline e o érre inclusive desistiram de comprar o bilhete uma vez devido ao assédio de uma dessas pessoas.
Os bilhetes são vendidos também em bancas de jornal e escritórios de turista.
O bilhete deve ser validado no início da sua viagem. Dependendo do bilhete que você comprar, ele vale por um período de tempo, e pode permitir trocas entre ônibus, tram e metrô. Existem passes de 1, 3 e 5 dias. Veja a lista completa de preços pro transporte em Praga (em inglês). Aliás, o site da empresa de transportes de Praga é excelente, e tem muita informação (e inclusive permite calcular rotas). De novo, dica do Badá.
Neve e frio no inverno de Praga: diversão e cuidados
Quando estávamos planejando a viagem, ficamos apreensivos com o frio. Em certos momentos no inverno, dizem, pode chegar a fazer -20°C, e se minha experiência diz alguma coisa, isso é frio pra cacete. Nos preparamos pesadamente, e no fim das contas, o frio nem foi tanto. Deu até pra dar uma nadadinha no Moldava (não nós, obviamente). Ok, tava variando ai na casa dos -3°C. Alguns dias ficou até ligeiramente positivo, o que é bem ruim se você tem neve até a o joelho por toda a cidade. A neve começa a ficar líquida e aí vira uma grande pasta.
Mas na maior parte do tempo ter neve por toda parte foi divertido e muito bonito. Pra comemorar o passado atrás da cortina de ferro da República Tcheca (na época em que era Tchecolosváquia), instauramos uma guerra fria permanente pela duração de nossa visita. Por guerra fria quero dizer fria, molhada e vindo em sua direção em alta velocidade. Batalhas épicas foram travadas pelas ruas de Praga (com nenhum civil atingido, vamos deixar claro), quedas históricas nos campos nevados, esquivas mágicas (já viu Matrix na vida real?) e contra-ataques relâmpagos. Alianças foram feitas e traídas, e a neve foi uma parte importante da nossa diversão em Praga. Inclusive fizemos um boneco de neve na despedida da cidade (devidamente destruído a golpes de kung fu da Sarah. Na verdade, a golpe, singular, de kung fu).

O único problema que aconteceu foi minha bota Salomon pedir as contas sem aviso prévio depois de 5 anos de serviço. Ela abriu na costura entre a sola e o corpo, e entrou neve lá, que derreteu no quentinho do meu pé, que ficou molhado. Já tentou andar com o pé molhado a -3°C por 3 dias? Não recomendo. No fim das contas comprei uma bota de neve extremamente barata, que me parece ser o equivalente tcheco de chinela de dedo pro brasileiro. Robusta e funcional, manteve meu pé quentinho no fim da viagem, e inclusive continuei usando em Amsterdam. Mas a medida chegou tarde demais pra evitar uma gripe que se instaurou por duas semaninhas.
Tênis simples não são recomendados se você for andar na neve, e cuidado com dias que fazem temperatura positiva pra depois ver uma queda pra sub-zero a noite: a neve vira água e depois recongela como gelo, e aí fica escorregadio e perigoso. E é difícil de enxergar. Ah, e preste atenção aos telhados e ao andar na beira de prédios. Podem cair estalactites de gelo grandinhas, e isso machuca. E de vez em quando, os tchecos tiram a neve dos telhados. Em geral a área é isolada com um cordão. Se você ver uma calçada fechada, não ignore, passando por baixo da fita. Não é uma boa idéia.

Ah, e cuidado com os carrinhos que passam tirando a neve das calçadas. Eles buzinam, mas não brecam. Sério.
Continuando a viagem: "Dicas locais de como aproveitar Praga na primavera e verão"
A Sarah e o Badá escreveram um artigo aqui no Ducs dando dicas de como aproveitar Praga na primavera e no verão. Mas o legal é o seguinte: como eles moraram na cidade, são dicas locais, de morador mesmo.
Se você tá indo pra Praga nessa época recomendo altamente você ler 4 Dicas locais pra aproveitar Praga na primavera e no verão.
E por aqui, se tiver alguma dica legal de Praga, compartilha com a gente nos comentários!
Esse artigo é dedicado aos amigos Badá, Sarah, érre e Aline.