Pois, semana passada esse blog completou dois anos. Dois anos atrás, nós nunca havíamos saído do Brasil. Quando fomos sair, já foi com malas de mudança prum país de que sabíamos muito pouco além do que havíamos lido na Internet.
Claro, fizemos pesquisa. Perguntamos pro Google: como é morar na Holanda? Em Amsterdam? E saímos lendo o que encontrávamos. Quando finalmente chegamos para viver nossa própria aventura, já estávamos determinados a contribuir com as nossas próprias respostas.
Não só pros nossos amigos e parentes, que era quem imaginávamos que leria o blog, mas também alguns desconhecidos que, como nós, porventura caíssem do Google, atrás de algumas dicas. Como recebemos, resolvemos contribuir.
E agora?
Antes de poder me mudar pra Holanda, passei por uma agoniante espera-do-visto no Brasil enquanto a Carla estava aqui. Por meses eu só pensava, todo dia "e agora? Meu visto já está pronto?" Com a resposta negativa, só me restava aguardar o dia seguinte pra repetir a pergunta.
Quando a resposta foi finalmente sim, teve a loucura da mudança, da burocracia aqui na Holanda até que finalmente, num belo dia de abril me vi morador de Amsterdam, registrado, carimbado, selado, com a taxa alta paga e um carimbo dizendo sim, sim, sim. Pode morar aqui. Cansado, parei, respirei fundo e...
"Puta merda. E agora?"
No Brasil eu tinha um círculo social construído, eu falava a língua, eu estava construindo uma carreira - três anos antes eu havia feito FUVEST de novo e estava transformando em profissão a paixão de uma vida: ler e escrever. E agora, na Holanda? Sem conhecer ninguém, de volta à estaca zero.
Estrada de mil quilômetros começa-se com o primeiro passo, diz o proverbial chavão, e lá fui eu. Escrever, certo? Então vamos lá, começar pequeno. Peguei o blog que eu e a Carla havíamos iniciado e transformei em meu projeto. Na pior das hipóteses, pensei, terei o que mostrar quando alguém me perguntar "mas o que você escreve, afinal de contas?"
O que você escreve, afinal de contas?
Uma coisa que sempre fiz é compartilhar o que eu aprendo. Quando trabalhava em TI (isso é tecnologia da informação, popularmente conhecida como informática), escrevia tutoriais do que ia aprendendo. Alguns me perguntavam porque eu fazia aquilo, já que ao ensinar publicamente (na Internet) o que sabia eu criava competição para mim mesmo no meu campo. Heh. Conhecimento que não circula apodrece e morre, e com ele a mente que o guarda.
Eu compartilho conforme aprendo, eu compartilho para aprender. E morar fora de seu país é um grande aprendizado. Quando aqui chegamos, me senti literalmente como uma criança. Semi analfabeto, não conseguia mais ler as mais mundanas placas. Não sabia pegar um bonde. Não sabia nem sequer abrir a porta do meu recém-alugado apartamento. Mas fui aprendendo - nem sempre de maneira fácil.
Quase nunca de maneira fácil. Choques culturais às vezes são bem literais.
E aqui fui contando, da melhor maneira que pude, o que aprendia, pensava, observava. Nisso, o formato do blog ajuda, porque é algo que é, como o aprendizado, construído dia a dia. Artigo a artigo e, uma nova paixão, foto a foto (as fotos dos Ducs são minhas e da Carla), eu falava, errava, registrava.
Para quem?
No começo pra poucas pessoas, depois para mais. Conforme o processo se desenvolvia e eu escrevia, os visitantes caiam aqui, anônimos da Internet. A maioria ia embora silenciosamente, mas alguns foram ficando, e formando uma pequena comunidade. Ganhamos presentes (café, rapadura, DVD e CD) e contribuições. Ganhei dicas. Teve guest posting e fotos cedidas gentilmente. Teve tweets e retweets. Teve revisões e correções. Teve sugestões e muitos contatos e comentários. Um blog não é feito sozinho. Um blog não existe sozinho.
Trocamos idéias, fotos, histórias.
E, com o tempo, alguns avatares, emails e nicknames viraram rostos, risadas e aquela mão certa na hora em que precisa.
Blog como negócio
Trabalho e amizade não são incompatíveis. Sou amigo do rbp há tanto tempo que parece até estranho lembrar que nos conhecemos com ele sendo meu coordenador. O Ducs Amsterdam é a plataforma pro meu trabalho, e transformar esse trabalho em profissão é meu desafio no momento.
Há duas maneiras de fazer isso. Uma, é fazer o próprio blog gerar receita. Isso pode vir através de anúncios e, principalmente, através de programas afiliados. Por exemplo, o do Booking.com é um que acredito bastante.
O Booking.com é um serviço que permite achar hotéis em diversas partes do mundo. O site, que tem em português (só lembre que "pequeno almoço" é café da manhã), permite buscar hotéis, ler as avaliações dos hóspedes que já ficaram lá (e assim você foge de roubadas. Pegue hoteis com nota 7 ou mais) e descolar promoções (os hotéis oferecem preços melhroes pros clientes do Booking.com do que direto com eles). Além disso, você tem o suporte do Booking (sim, em português e, sim, com brasileiros). E nós com isso? Oras, sempre que você reservar um hotel seguindo um link aqui no Ducs, o Booking paga uma comissão (e não você - você descola o preço mais baixo no hotel).
Tem também a livraria dos Ducs, onde indico livros da Amazon.com. Cada compra lá, gera uma comissão pra gente.
A outra maneira é usar o Ducs pra divulgar meu trabalho, e oferecê-lo em outros formatos. Publicar em outros veículos, por exemplo. E outros produtos também: há um guia a caminho!
Sim, estou escrevendo um guia com dicas e roteiros de um a 3 dias em Amsterdam. No começo, será oferecido como formato PDF, o qual poderá ser impresso do jeito que quiser. Esse formato tem a vantagem de ser fácil, logisticamente, pra distribuir. E você pode ter o guia na hora!
Vamos ver como se sai, esse novo projeto.
E agora?
Agora é continuar trabalhando, vivendo, experimentando e descobrindo, um dia por vez. É o que todos nós fazemos, de qualquer modo. Alguns, sozinhos. Outros, mais sortudos, têm companhia na jornada. E amigos, eu me considero, no fim das contas, muito sortudo.
Obrigado pela companhia.