Amsterdam não é uma cidade rica em monumentos. Na verdade, Geert Mak em seu livro "Amsterdam — A brief life of the city" chega a dizer que Amsterdam é uma cidade "praticamente anti-monumento", uma filosofia antimonumental encarnada. Uma das poucas exceções é o monumento nacional no Dam.
A princípio apenas mais um dos tantos símbolos fálicos que as cidades adotam, na anti-monumental Amsterdam ele tem um significado maior do que simplesmente mostrar o poder ereto do Estado ou da Nação. É dedicado à memória das vítimas da Segudna Guerra Mundial em particular, e todas as guerras em geral. E isso pesa em um país que foi ocupado por tropas alemãs.
Anualmente, o dia 4 de maio é o dia nacional do memorial aos mortos: "Nationale Dodenherdenking". Ele precede a grande festa do Bevrijdsdag, dia da libertação, que comemora o dia em que tropas canadenses libertaram a Holanda da ocupação nazista. Amanhã, 5 de maio, tudo será festa. Mas hoje é dia de sobriedade.
Todos os anos um ritual se repete: a Rainha e o Príncipe herdeiro e conjuge se reúnem com membros do governo, vítimas de guerra na Nieuwe Kerk em Amsterdam precisamente às 18h55. É feito uma leitura (a meilezing), todo ano por uma pessoa diferente. Depois, às 19h50, a Rainha, seguida de outras pessoas presentes na cerimônia, deixa a Nieuwe Kerk, atravessa o Dam e chega aos pés do Monumento Nacional. É lido uma breve declaração (todo ano a mesma), e a Rainha deposita, em nome de todas as vítimas de guerra, uma coroa de flores aos pés do monumento.
Às oito horas começam dois minutos de silêncio através do país. Os trens param, as transmissões ficam silenciosas. Depois de 2 minutos, o hino nacional holandês (Het Willelmus) é executado.
Em outros lugares há deposição de coroas de flores, mas a cerimônia no Dam é a principal, e é transmitida ao vivo pela TV aberta para toda a nação.
Pra quem quiser saber e treinar o holandês, a declaração lida é essa:
"Tijdens de Nationale Herdenking herdenken wij allen - burgers en militairen - die in het Koninkrijk der Nederlanden of waar ook ter wereld zijn omgekomen sinds het uitbreken van de Tweede Wereldoorlog, in oorlogssituaties en bij vredesoperaties. Alle herinneringen daaraan komen samen tijdens de Nationale Herdenking. Om acht uur is het overal in Nederland twee minuten stil. Twee minuten, waarin we ons realiseren dat we hier in vrijheid twee minuten stil kunnen en mogen zijn. Ter nagedachtenis aan allen die zijn omgekomen, leggen Hare Majesteit de Koningin en Zijne Koninklijke Hoogheid de Prins van Oranje de eerste krans bij het Nationaal Monument."
Lembrando que eu não tenho um holandês fluente ainda, minha melhor tentativa de tradução é essa:
"Durante o Memorial Nacional aos Mortos lembramo-nos todos - civis e militares - daqueles que, no Reino dos Países Baixos ou onde mais no mundo tenham falecido desde a eclosão da Segunda Guerra, em situações de guerra ou em operações de paz. Todas as lembranças juntam-se durante o Memorial Nacional aos Mortos. Às oito horas será observada em toda parte nos Países Baixos dois minutos de silêncio. Dois minutos, onde nós percebemos que aqui em liberdade dois minutos de silêncio podem e devem serem existir. À memória de todos que são falecidos, depositam Sua Majestade a Rainha e Sua Alteza Real o Príncipe de Oranje a primeira coroa aos pés do Monumento Nacional".
Dois minutos de silêncio serão observados aqui no Ducs Amsterdam também.