7 Dicas pra sobreviver (e curtir) na neve em Amsterdam

Essa semana nevou forte em Amsterdam, e embora a maior parte já tenha derretido, há sempre aquela dúvida: e se nevar quando eu estiver aqui? Como vai ser?

Eu mostrei bastante da neve esse ano em Amsterdam lá no feed e no Stories do Instagram (corre lá). Isso resultou numa avalanche (ai!) de perguntas. O que super faz sentido, né? Nós brazucas e a Dona Neve não somos muito íntimos, e rola aquela intimidação. Mas isso é só até você conhecer de perto, quebrar o gelo (duplo ai!).

Neve em Amsterdam
(Foto: Vanyatko/Shuttersotck.com)

Tá, desculpa, parei. Em vez de trocadilhos bestas, vou listar as respostas em forma de dicas pra sobreviver e/ou curtir a neve em Amsterdam.

1. Neve é chuva: se não pode molhar, não pode ir na neve

É meio obvio, mas é fácil de esquecer mesmo assim: neve é água congelada. Ao bater em uma superfície mais quente do que zero graus, digamos, seu rosto, sua roupa, seu celular, ela derrete. E aí tens você, ou algo que você tá carregando, molhado no friozão. Pra simplificar, pense assim: neve é chuva. Se algo não pode ir na chuva, não pode ir na neve.

Neve em Amsterdam
Tem um motivo de porque a gente usa guarda-chuva na neve... (Foto: Daniel Duclos)

E isso inclui suas roupas. Por falar nisso...

2. Use um casaco adequado para neve (ogros, cebolas e você)

Todo mundo sabe que para ficar quentinho no inverno é preciso fazer como os ogros e as cebolas e se vestir em camadas. Ok, mas tome especial cuidado com a camada mais exterior, o seu casaco de neve.

Um casaco de neve adequado tem duas qualidades principais: é impermeável e é quentinho. Um capuz com pelinhos é um bônus: eles amenizam a neve que cai no rosto (especialmente nos olhos).

Eu uso um casaco da marca Columbia que comprei há dez anos na loja Decathlon aqui de Amsterdam. Ele nunca me decepcionou: são 10 invernos segurando as pontas sem desgaste, em diversas situações nevadas. Tipo, Berlim em janeiro, nevasca na Suíça ou no topo do Aiguille du Midi nos alpes franceses (tava uns -15°C).

Casaco de neve
Pra você não pensar que é balela, esse sou eu no topo do Aiguille du Midi. Eu cheguei de teleférico lá, ok, mas o frio é real, e eu tava só de camiseta por baixo. Uso esse casaco até hoje quando neva. (Foto: Carla Duclos)

Um bom casaco não é barato, porém.  Mesmo aqui na Holanda, eu não paguei barato no meu: espere pagar 200€ ou mais. Eu diria que compensa mais comprar aqui na Holanda do que no Brasil, inclusive pela maior oferta de modelos que de fato aguentam neve e frio. E não precisa ser especificamente na Decathlon. Existem outras lojas de artigos esportivos, como a Bever e a Perry, que tem na Bijlmer Arena (falei dessa região no artigo sobre compras em Amsterdam).

Agora, não adianta nada seu corpo estar sequinho e quentinho se seus pés estão molhados...

3. Use botas de neve adequadas para neve: pé molhado abaixo de zero é bem... bem ruim

Você já andou com o pé molhado em temperaturas subzero? Eu já. Em Praga. Não foi legal. Quer dizer, Praga foi legal, mas ficar com o pé molhado não. Lembra que eu falei que neve é chuva? Pois.

Amsterdam com neve
(Foto: Daniel Duclos)

Uma bota impermeável é essencial, e eu sou grande fã da Salomon, embora existam outras marcas boas. Vende nas mesmas lojas que mencionei para os casacos, mas talvez a bota compense comprar no Brasil por um simples motivo: é preciso amaciar o calçado. Botas de caminhada costumam ser bem rígidas, e é melhor andar um pouco por dia com ela até amaciar, do que usar a primeira vez o dia todo na sua viagem pra Amsterdam. Porque assim... bolha dói.

Além disso, uma boa bota tem que ter um bom solado, porque quando neva, rola um problema todo particular e um tanto desconhecido de nós brazucas: os escorregões na calçada...

4. Cuidado ao andar na calçada na neve pra não virar patinador involuntário

Quando a neve acaba de cair, ela está fofinha, branquinha, super crunch crunch de andar, só lindeza foto de mil likes no Insta. Daí a galera vai andando e compactando a neve, e neve compactada vira gelo. E aí, amigo, as calçadas de Amsterdam viram rinques de patinação súbita e inesperada.

Nesse caso, algumas coisas ajudam; um bom solado na sua bota, por exemplo. Mas não vai achando que ter bom solado basta e sair todo alpinista no glaciar, porque bom solado não é crampon. Tem que ter um certo jeito no andar e sempre que possível buscar a parte ainda fofa da neve nos caminhos menos trilhados. Erros de avaliação são punidos com saltos ornamentais modalidade aterrisagem forçada.

Amsterdam com neve
Linda, mas traiçoeira, essa neve. (Foto: Daniel Duclos)

Falando nisso: cuidado com o temível Black Ice, que se forma quando a temperatura sobe um tico, derrete a neve e depois cai, re-congelando a água e formando uma película invisível de traição escorregadia. Eu sei que é infeliz dizer "cuidado com algo invisível", mas enfim, vale o conselho: aproxime toda a superfície com cautela, mesmo que ela esteja sem neve.

Agora, se a neve tem perigos doloridos, ela tem também seus perigos divertidos. Bolas de neve, por exemplo.

5. Bolas de neve caçam em bando, e raramente te perseguem sozinhas (hey, divirta-se)

Não tem jeito: Amsterdam explode em uma guerra fria mas muito agitada, e as bolas de neve ecoam pela cidade e na sua nuca. E as vezes você, todo pacifista das neves, se vê envolvido no conflito a revelia. Sim, acontece, eu já vi — e já fui vítima. Nem adiantou eu alegar que era imprensa cobrindo o conflito.

Bola de neve em Amsterdam
Essa bola de neve da seta? Ela tinha um endereço: minha cabeça. Considerei correr para as colinas e aí lembrei que a Holanda é chata como uma panqueca e a colina mais próxima é a Alemanha. (Foto: Daniel Duclos)

Ok, hoje em dia meus honráveis cabelos brancos inspiram um pouco mais de respeito, mas nem por isso eu confio. Se eu vejo uma bola de neve voando, eu já adoto medidas evasivas: elas são que nem velociraptor e caçam em bando. Suas amiguinhas não estão longe.

Ok, agora, a sério: a neve pode atrapalhar muita coisa, mas além de bonita, é divertida. Corre aproveitar, o povo tá fazendo guerra de bola de neve por um motivo: é divertido (e rola umas batalhas-monstro no Vondelpark).

E já que você tá se divertindo, aproveita pra fazer um boneco de neve, por que não? Só tem uma pegadinha...

6. Para fazer boneco de neve menos feio, não junte a neve

Sim, o primeiro instinto que a gente tem é pegar um monte de neve, juntar, botar mais no monte, ficar infeliz que não ficou lindo, tirar uma foto mesmo assim e postar dizendo "é feio mas é meu".

Calma, há uma alternativa: em vez de juntar a neve, faça uma bola. Isso, pequenina mesmo, daquelas boas de colar na orelha do seu melhor amigo quando ele está tirando sarro da sua primeira tentativa de boneco. Agora em vez de jogar a bola, coloque no chão. Em role. vai rolando a bola e veja ela crescer. Essa é a base do seu boneco.

Boneco de neve
A gente quem fez. Apelidei de Snowman Jan. Já derreteu faz tempo. Um brinde de Jenever pra você, Snowman Jan! (Foto: Daniel Duclos)

Repita pro corpo e cabeça, descole uma cenoura pra nariz, um gorrinho e pronto, até que não ficou mal pra uma segunda tentativa, né?

Como fazer um boneco de neve.

7. Sim, a neve atrapalha, mas é breve: divirta-se

Quando a neve cai em quantidade, a Holanda meio que entra no caso. Os transportes públicos ficam todos atrapalhados, e podem até sair de circulação. As calçadas, você já descobriu, viram rinques de patinação. Andar de bike só para os holandeses mais contumazes, daqueles que nasceram em cima de uma bike. Sim, a neve atrapalha a vida cotidiana.

Bicicleta na neve
Esse nem precisa mostrar o passaporte... (Foto: Daniel Duclos)

Mesmo assim, todo ano torço pra nevar. Certa vez eu estava na rua quando começou a nevar pela primeira vez no inverno. Comecei a ver o mundo ficar todo branco, quando cruzei por uma mãe levando pela mão sua filha de uns 7, 8 anos. A mãe andava apressada, encolhida, mas a guriazinha estava usando um gorro quente, e olhava pra cima, olhinhos brilhantes, maravilhada com a neve que caia.

E eu sabia exatamente como ela se sentia.

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No fim, mesmo com a baderna na nossa vida prática, a neve aqui ainda é algo raro — e sempre mágico por esta capacidade de transformar o mundo sem mudá-lo de lugar.

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