Se tem uma coisa que a gente adora em Lisboa é poder desvendar camadas e camadas de história em palácios que, ao longo do tempo, ganharam outros usos, algumas formas novas e, principalmente, poder perceber o quanto aquelas paredes, tetos, maçanetas e decorações absorveram um pouquinho de cada indivíduo que por ali passou.
Na capital, há inúmeros palácios que podem ser visitados ou desfrutados, desde o Palácio da Ajuda, por exemplo, que foi a última residência da família real portuguesa, até o Palácio Belmonte, considerado um dos melhores hotéis de luxo da cidade, com uma impressionante coleção de azulejos do século XVIII.
Mas aqueles palácios de Lisboa que vamos destacar na coluna de hoje foram escolhidos a dedo. São visitas que, pessoalmente, adoramos. Além de serem palácios gratuitos para qualquer visitante, eles oferecem experiências multissensoriais.
Quer entender melhor o que a gente está dizendo? Então coloque essas dicas no seu roteiro:
Casa do Alentejo: o segredinho no coração de Lisboa
O Palácio Alverca, hoje chamado de Casa do Alentejo (você logo vai identificar pelo letreiro luminoso), certamente estará perto das atrações escolhidas para o seu roteiro pelo centro histórico.
Costumamos dizer que esse é um dos segredos de Lisboa, pois a fachada simples dele esconde uma deliciosa surpresa que pouca gente ousa entrar.
A decoração já não é mais aquela de fins do século XVII, quando pertenceu a família Paes de Amaral, Viscondes de Alverca. Mas a mistura de estilos e funções que esse espaço ganhou ao longo dos séculos é aquilo que comentamos sobre as camadas de história acumuladas.
O que vai saltar primeiro aos seus olhos é o estilo neo-árabe do pátio central, certamente. Mas há ainda coleções de azulejos e importantes pinturas espalhadas por seus dois andares.
Antes de se tornar esse centro cultural do Alentejo, entre as décadas de 1920 e 1930, o espaço recebeu aquele que foi o primeiro cassino de Lisboa. Veja no piso superior, a caminho dos banheiros, as paredes que levam azulejos desenhados com os naipes das cartas de baralho.
No piso superior há um restaurante, aberto para almoços e jantares e, no piso inferior, um café.
CASA DO ALENTEJO
Endereço: Rua das Portas de Santo Antão, 58 - Baixa
Horário: todos os dias, das 10h às 23h
Site: www.casadoalentejo.com.pt
Embaixada: lojas criativas em um ambiente majestoso
Da casa de cultura, vamos para as lojas de design. É assim na Embaixada, nome que foi dado ao antigo Palacete Ribeiro da Cunha, que fica no Príncipe Real.
Somente para você entender o contexto dessa, hoje, galeria, o Príncipe Real é um dos bairros mais charmosos da cidade. Há do jardim romântico ao restaurante descolado. Inclua ele em seu roteiro de Lisboa se o que você procura é essa efervescência da capital atual.
Esse é um antigo palácio neo-árabe do século XIX - algo que dá para notar logo por sua fachada exterior. Mas sabe o que é mais curioso? O órgão que documenta o patrimônio português indica que essa construção foi também uma referência e inspiração arquitetônica de um palácio erguido poucos anos depois em Manaus, no Brasil.
Os usos dados a esse espaço já foram muitos. Mas talvez aquele de maior destaque em sua história recente também foi o período que sediou a reitoria da Universidade Nova de Lisboa.
Por lá, o que você vai ver são lojas criativas e bastante interessantes, de roupas a mobiliários, distribuídas pelas salas do palácio. Como alguns quartos são interligados por mais portas, o percurso não se faz somente pelos corredores principais, como também por entre os cômodos. Fora a iluminação do local que deixa tudo ainda mais bonito lá dentro.
Para quem quer fazer uma horinha, dá para sentar e tomar um café. Com uma imponente escadaria logo na entrada.
EMBAIXADA
Endereço: Praça do Príncipe Real, 26 - Príncipe Real
Horário: todos os dias, das 12h às 20h
Site: www.embaixadalx.pt
Palácio Chiado: pausa merecida para a comida
Desse trio que escolhemos indicar para a sua próxima visita a Lisboa, o Palácio Chiado é a proposta mais recente.
O antigo Palácio Quintela passou por um projeto de reabilitação profunda em 2015 e, no ano passado, ganhou pequenos restaurantes por entre seus andares e corredores.
Entre as suas camadas de história, estão a passagem do general Junot durante as Invasões Francesas e também o nascimento da expressão “forrobodó”. De acordo com o site oficial do Palácio, aqui nasceu Joaquim Pedro de Quintela, o primeiro Conde de Farrobo - um sujeito apaixonado por música e pelas artes cênicas. Tal figura, apesar de sua importância política e histórica, gastava muito dinheiro em festas e com exageros. E, então, lá veio a expressão em sua homenagem.
O acesso ao Palácio é bem fácil. Certamente o Chiado estará em seu roteiro, pois faz parte do centro histórico de Lisboa. É logo ao lado do Praça Luís de Camões, na descida da Rua do Alecrim, não tem erro.
A entrada pode intimidar um pouco, pois é preciso pegar uma comanda. Mas não se preocupe. Você poderá visitá-lo se desejar comer ou apenas para dar uma olhadinha.
O que você vai ver ali são salões do século XVIII preenchidos com restaurantes de comida tradicional ao contemporâneo: carne, bacalhau e sushi. Fácil de agradar a todos.
Acompanhado pelos frescos das paredes estão várias mesas, cadeiras e sofás de acesso livre. Basta escolher o que quer comer e sentar onde quiser, seja no térreo ou no piso superior.
PALÁCIO CHIADO
Endereço: Rua do Alecrim, 70 - Chiado
Horário: segunda a quarta e domingo, das 12h às 0h. Quinta a sábado, das 12h às 02h
Site: palaciochiado.pt