Burocracia holandesa

UDPATE: Notem a data deste artigo: é de 2008! As coisas mudaram desde então - ainda bem! Mas não leia achando que estou descrevendo algo que aconteceu na semana passada... O artigo fica como registro da minha história.

Eu achava que o Brasil era campeão mundial de burocracia, mas isso era apenas chauvinismo patriótico da minha parte. Os holandeses podem ser chutados regularmente pra fora das Copas do Mundo que eles conseguem se classificar, mas, no quesito procedimentos absurdos e papéis sem sentido, são campeões incontestes.

Nem vou tentar relatar o que foram os sete meses de burocracia que permitiram chegar no ponto de me registrar na Prefeitura de Amsterdam como residente, mas incluíram até, e eu não estou inventando isso, chapa do pulmão.

Eu já havia passado por todos os estágios, incluindo desespero e depressão, quando finalmente pude ir até o DPG (Dienst Persoonsgegevens - Departamento de Dados Pessoais, ou algo assim) me tornar um Amsterdamer oficialmente. Você vê, todos os residentes da cidade, estrangeiros ou não, tem que se registrar na GBA (Gemeentelijke basisadministratie persoonsgegevens - Base de Dados Pessoais Municipal ou algo assim), e o departamento que cuida disso é o DPG (dêipêirrê).

Até lá fui, munido de todos os meus documentos, todos devidamente registrados, autorizados, traduzidos, juramentados e copiados em diversas vias. Com holandês, nunca se sabe. Peguei uma fila pra pegar uma senha. Esperei a senha ser chamada. Quando foi, encontrei uma simpática atendente.

- Bom dia, gostaria de me registrar como residente de Amsterdam.

- Pois não, dia 13 está bom para você? (Isso era dali a duas semanas).

- Hã? Não posso me registrar agora?

- Não, você tem que marcar hora.

- Mas não é só entregar os documentos e digitar meu nome no computador? - eu sabia que era porque a Carla já havia se registrado.

- Sim, mas tem de haver hora marcada. Seus documentos por favor.

Entreguei os documentos, ela conferiu e digitou meu nome no computador, marcando a hora pra conferir meus documentos e digitar meu nome no computador dali a duas semanas.

- Ah, eu vou ficar com essas cópias do passaporte da sua esposa e do seu. Traga novas.

Eu nem estranhei. Eu já havia entregue cópias dos nossos passaporte dezenas de vezes: quando pedi o visto, quando a Carla pediu o visto, quando eu recebi o visto, quando a Carla recebeu o visto, quando a Carla registrou a chegada, quando eu registrei a chegada, tudo duas vezes, do meu e do dela. E agora mais. Ok.

- E você tem de trazer esse formulário preenchido com a sua esposa te autorizando a morar com ela.

- Como assim? Eu acabei de te entregar um papel equivalente: no Brasil chama CERTIDÃO DE CASAMENTO! Ela é minha esposa!

- Mas como o contrato de aluguel que você acabou de me entregar está no nome dela, então preciso que ela autorize você a morar lá.

- Suspiro.

- E ao formulário anexe uma cópia do passaporte dela.

- SUSPIRO. Certo.

- E uma cópia da carteira de residente. Volte daqui duas semanas. Tenha um ótimo dia, me desejou sorrindo.

Então, vamos rever: depois de sete meses de burocracia insana eu fui pegar uma fila pra me habilitar pegar outra fila duas semanas depois de modo a poder repetir o procedimento que acabara de fazer ao fim da primeira fila. A isso deveria acrescentar o que basicamente era uma carta de amor oficial e certificada da Carla ("Amsterdam tanto de maio de 2008, Declaro para os devidos fins que ele é meu marido, eu o amo e quero viver com ele, mesmo ele sendo baderneiro, Assinado..."), tudo abundantemente recheado de novas e ainda outras cópias de passaportes meu e dela.

Quando isso aconteceu eu teorizei que o motivo era que os holandeses, entediados pelo maior pico da Holanda ser uma duna de 4 metros na praia de Den Haag, resolveram criar um relevo artificial formado por montanhas de cópias de passaporte e outros papéis. Mas como não vejo nenhuma montanha, e a essa altura eles deveria já ter uma cordilheira do Himalaia de papéis, e o país continua completamente chato (se você subir num banquinho você enxerga a Bélgica), acredito que a hipótese postulada pela jupisa seja melhor: burocratas comem os papéis.

- Nhum, cópia de passaporte brasileiro, meu favorito!

- Sim, Willem, são quase tão bons quanto os italianos, mas engordam muito menos!

- Jorgan, me passe o formulário de autorização de residência conjunta, sim, acordei com fome hoje.

Leia sobre 5 coisas que gostaria de ter sabido antes de me mudar pra Holanda.

Serviço

Dienst Persoonsgegevens (DPG) - http://www.amsterdam.nl/dpg

(update): Amsterdam to ease expat paperwork
Expat Center: http://www.expatloket.com/expatcenter

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