Nevava com algum entusiasmo em Montreux quando pensei: e agora? Havíamos acabado de chegar vindos de Evian, na beira francesa do Lago Genebra, e o tempo havia passado de miserável pra sórdido. Viemos com a esperança de encontrar vagas em um aconhegante hotel familiar indicado no Lonely Planet. Em vez de vagas, encontrei uma porta fechada com um simpático bilhetinho pregado: "opa, eu mais Maria saimos, precisando de algo, tipo, por exemplo, entrar no seu quarto, dá uma ligadinha no meu celular." Quando o Lonely Planet disse que era familiar, ele não estava brincando. A neve se acumulava nos meus óculos e narigão, resolvi não ligar e não esperar. Olhei meio desconsolado pra frente:
- Touri...
Forcei a vista através da neve:
- Touri...st... Off...ice.
Que sorte! Corri até lá e pedi indicação de hotel. Saí com três. A menina anotou num mapa 3 opções: mais barata, média e cara. Escolhemos a média, que no resto do mundo é conhecida por "cara pra cacete", mas é Montreux e era última hora. Fomos na esperança de descolar um encosto pras mochilas e uma vista pro lago por "módicos" CHF166,00. Chegamos lá guiados pela Catarina (nosso sarcástico GPS) e demos de cara com um hotel 4 estrelas. O endereço batia, resolvemos arriscar uma perguntadinha. Tem quarto, sim senhor. Duzentos e noventa francos pro quarto sem vista pro lago. Com vista, quatrocentos e dez. A saída é ali.
- Desculpe, moço, é que acho que este é o hotel errado.
- "Claramente", deve ter pensado ele.
- O Tourist Office nos indicou um aqui perto com quartos por 166 francos. O senhor conhece?
Ai, como num pase de mágica, tudo mudou de figura. O cara disse, ah, mas se vocês vieram indicados pelo Tourist Office, daí são CHF166,00 mesmo.
- Sem vista.
Claro, sem vista, mas olha só: nevava, estávamos cansados e era uma chance de ficar num 4 estrelas em Montreux por apenas preço de um hotel de luxo em partes normais do mundo. Olhei pra Carla. Fechamos. Daí lembrei de perguntar por estacionamento. Nessa, já tinha chegado a gerente.
- Dezoito francos por dia.
Olha, já estávamos esticando o orçamento legal com 166 chifres (como apelidei carinhosamente a moeda suíça devido à antipática abreviação CHF). A Carla fez uma cara tão, mas tão infeliz com a idéia de gastar 18 chifres a mais que a gerente se comoveu:
- Senhora, não é caro, considerando os preços de estacionamento na cidade, mas vamos fazer assim: pra compensar o estacionamento, eu te dou um quarto com vista pelo mesmo preço.
- Cento e sessenta francos?
- Isso.
- Em vez de quatrocentos e dez?
- Isso.
- Tá.
Porque não, né? A suíte era realmente muito boa, e tinha uma varandinha de cara pro lago. Era quase noite, mas fomos ver como era a tal vista de 410 francos.
Só que no dia seguinte, acordei e vi... sol. Corri pra varanda (esquecendo que estava uns dois graus positivos) e...


E no final das contas, a diária do hotel incluía o café da manhã. Um dos mais completos que já encontramos, e servido num lindo salão com, o que mais, vista pro lago. Se fosse só contar o café da manhã já compensava o estacionamento, porque em outros hotéis não é incomum cobrarem 9 francos por pessoa pra cafés bem piores.
Nós gostamos tanto do esquema que pedimos pra ficar mais uma noite (havíamos pedido inicialmente uma), no que fomos prontamente atendidos, mantendo o preço mega promocional. Então, se algum dia você for dar a volta ao lago, recomendo bastante o Golf-Hotel. Agora, inclusive eles estão com preços bem melhores do que os 410 francos pelo quarto. Mas por via das dúvidas, dê uma passadinha no Tourist Office antes 😉
Ah, se quiser ver um monte de fotos a partir da varanda do hotel, tem o tradicional set de fotos dos Ducs.
Serviço
Golf-Hotel René Capt
http://www.golf-hotel-montreux.ch/Página deles no Booking. Se usar esse link, eu ganho uma comissão! Se preferir, entre em contato direto:
Rue du Bon Port 33-35
CH-1820 Montreux
Switzerland
Tel. 41 21 966 25 25
Fax 41 21 963 03 52
E-Mail: [email protected]Pra quem estiver curioso sobre as outras indicações: Tralala e o hotel familiar: La Rouvenaz. E você pode procurar no Booking.com por outros hotéis em Montreux! (De novo, links que, se usados rpa fazer reserva, me dão comissão)
O itnerário completo de nossa viagem ao redor do lago:

Pegamos um avião de Amsterdam para Genebra (Genève, Geneva - A/K no mapa), onde ficamos por dois dias. Depois alugamos um carro, cruzamos a fronteira da Suíça em direção à França, e alugamos um chalé alpino em Les Houches (B), no vale de Chamonix, apenas 8 quilômetros de Chamonix-Mont-Blanc (C) e com um preço bem melhor (e a uma vista espetacular pro Mont Blanc e Aiguille du Midi). Passamos 3 dias entre Chamonix-Mont-Blanc e Les Houches, e no quarto nos mandamos pelo meio dos Alpes até Thonon-les-Bains (D), onde nos hospedamos. De Thonon visitamos de carro Yvoire (E), uma vila medieval preservada para alegria dos turistas, e Evian-les-Bains (F), famosa pela água mineral que leva o nome da cidade. O tempo não estava estas maravilhas, mas deu pra aproveitar. Saindo de Thonon pusemos o pé na estrada e continuamos a volta no lago, cruzando a fronteira na Suíça pra nos hospedarmos em Montreux (G), terra do festival de música mega famoso. De Montreux vimos o Castelo de Chillon (H) e a desconhecida cidade de Glion (I), abaixo de neve e bem acima de Montreux. Dois dias passamos nisso, e dali fomos até Lausanne (J), onde paramos por um dia antes de voltarmos à Genebra, onde devolvemos o carro e pegamos o avião de volta pra Amsterdam.
Histórias das outras etapas: Glion Montreux em dois tempos / Les Houches e chalé alpino / Aiguille du Midi e Mont-Blanc / O mico do carro / Yvoire, a vila que o tempo esqueceu