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A verdadeira Casa da Anne Frank e um passeio alternativo local em Amsterdam: lições do passado

A Casa de Anne Frank é uma das mais famosas atrações de Amsterdam, e até por isso mesmo, super concorrida e difícil de obter ingressos. Faz sentido: a casa onde Anne Frank se escondeu é pequena, e não foi feita para comportar um grande número de pessoas entrando e saindo.

Os ingressos para a Casa de Anne Frank são apenas disponibilizados no site da Fundação, toda terça feira as 10 da manhã (hora de Amsterdam), com vagas para dali seis semanas!

Essa dificuldade de obter ingressos para a famosa Casa de Anne Frank pode decepcionar muita gente, mas eu tenho uma alternativa para você.

Como morador de Amsterdam, eu conheço o bairro onde fica a casa em que Anne Frank de fato morava. A famosa “Casa de Anne Frank” era na verdade a empresa do pai dela, Otto Frank.

Nós iremos muito além da imagem conhecida de Anne Frank, e teremos uma visão de sua vida no local onde de fato ela morava. No caminho, descobriremos uma Amsterdam histórica e ao mesmo tempo viva.

E nesse artigo eu vou te guiar por esse bairro. Você irá descobrir uma Amsterdam local, autêntica e vibrante, e irá passar uma tarde gostosa, com cafés, doces e compras, mas também descobrirá as marcas da história e rastros da vida de Anne Frank, quando vivia livre.

Pegue um café, puxe uma cadeira, vamos conversar…

Tudo começou quando uma menininha de 13 anos ganhou de seu pai de aniversário um diário…

Uma breve versão de uma trágica história

Adolescentes e diários, nada de extraordinário, não fosse duas coisas: Anne Frank não era uma garota comum e a Alemanha invadiu a Holanda e iniciou o período de terror da ocupação nazista. Eram os anos 1940 e o mundo estava mergulhado na Segunda Guerra Mundial.

Quando os ocupantes nazistas passaram a deportar os cidadãos judeus para campos de concentração, Anne e a família se esconderam (junto com membros de outra família) num Anexo Secreto atrás da empresa do pai dela, no famoso bairro do Jordaan. Lá viveram apertados, espremidos, sem contato com o mundo exterior, sem poder fazer barulho por mais de dois anos.

Infelizmente, os ocupantes do anexo secreto foram denunciados em algum ponto e deportado para campos de concentração. Apenas o pai de Anne, Otto, sobreviveu, e encontrou o diário da filha mantido durante a provação.

Ele eventualmente publicou o diário, e o mundo ganhou a acesso a voz de uma jovem escritora, uma voz que se recusou a ser abafada, e imortalizou a sua dona.

Mas antes da Guerra, Anne morava em um apartamento no segundo andar de um bairro de classe média alta em Amsterdam.

O Bairro da Verdadeira Casa de Anne Frank

A família Frank morava na Rivierenbuurt, “O Bairro dos Rios”, na zona sul de Amsterdam. Ele havia sido recém construído, entre os anos 1920 e 1930, e muitos judeus de classe média alta, donos de empresa (como o pai de Anne) se mudaram para lá.

Lá Anne brincava na praça em frente ao seu prédio (e na frente da praça também havia o primeiro “arranha céu” de Amsterdam), ia a escola e andava pelas ruas. Na esquina da praça onde ela morava, tinha também uma livraria.

E é nessa livraria que vamos começar nosso tour.

Como chegar: Pegue o tram 4 na Estação Central de Amsterdam e desça na parada Waalstraat. Você vai achar a livraria bem na cara da parada.

Você pode agilizar e já comprar as passagens pro transporte público de Amsterdam aqui:

Ela não parece nada de especial, mas é na verdade um local histórico. Foi nela que Otto Frank passou depois do trabalho e comprou um diário de presente de aniversário para a sua filha Anne, que estava fazendo 13 anos…

A livraria onde o pai de Anne comprou o famoso diário: Boekhandel Jimmink

Em 11 de junho de 1942, Otto entrou na livraria Jimmink e comprou um caderno vermelho-xadrez que a sua filha Anne iria usar como um diário, escrevendo nele com uma caneta tinteiro.

E foi esse diário que ela levou para o anexo secreto e escreveu suas impressões e pensamentos que se tornariam mundialmente famosos.

A livraria funciona até hoje, e tem bastante material sobre Anne Frank. O dono é simpático e conversador, e a livraria é atulhada de coisas, toda apertada, daquelas que são uma armadilha para ratos de livraria como eu. Adoro entrar e fuçar nas pilhas de livros até achar algum tesouro esquecido.

Como um livro sobre a verdadeira casa da Anne Frank e a vida dela no bairro, com fotos pouco conhecidas. O nome do livro é Het Andere Huis van Anne Frank (“A outra casa de Anne Frank”.

Se você olhar as fotos, irá reconhecer exatamente onde foram tiradas, porque você está prestes a ir lá.

Boekhandel Jimmink

Rooseveltlaan 62
Atualmente abre de terça a sexta das 12h00 as 18h00, sábado 11h00 as 18h00. Mas pode variar.

A verdadeira casa da Anne Frank

Saindo da Livraria, vire na Waalstraat e ande até o fim da quadra. Você irá logo encontrar uma praça, a Merwedeplein. Você vai de cara notar que era em frente a essa praça que Anne Frank morava, porque ali está uma estátua dela, representando a escritora deixando seu lar em dire’ção ao Anexo Secreto.

Não é incomum haver flores deixadas pelos moradores do bairro aos pés da estátua de Anne Frank. Se você tiver, pode deixar também.

Anne morava no número 37, no segundo andar. A Casa não está aberta à visitação pública, porém.

Como eu disse, esse roteiro não é sobre atrações turísticas, mas um passeio por uma Amsterdam autêntica, uma cidade que está viva e em uso, e ao mesmo tempo enxergar as marcas do passado nesse cotidiano. É um passeio de descoberta e reflexão. vem comigo!

Sempre que passo em frente a estátua de Anne Frank nessa praça, eu reparo a data de nascimento dela. Ela nasceu em 1929. A minha avó nasceu em 1919. Ou seja, a minha avó era dez anos mais velha que Anne Frank! E ela faleceu em 2019, apenas alguns anos atrás. A gente tende a pensar na Segunda Guerra e no que houve com Anne Frank como passado remoto, mas não é tão distante como a gente pensa.

Agora, ande um pouco a sua direita e ache a entrada para o número 37. Você não vai poder entrar na casa, pois ela é habitada. Hoje em dia ela é propriedade de uma ONG, que a usa para abrigar escritoras que são perseguidas em seu país de origem devido a seus escritos, e estão refugiadas na Holanda.

Dica: o livro Het Andere Huis van Anne Frank (“A outra casa de Anne Frank”) tem fotos do interior da verdadeira casa de Anne Frank. Ela foi totalmente restaurada para ficar como era na época que Anne morava lá. É um livro difícil de achar, mas eu encontrei na livraria onde o pai de Anne comprou o famoso diário.

Um uso muito adequado e uma bela forma de homenagear o passado e manter vivo e importante o espaço no presente.

Mas mesmo que você não possa entrar no apartamento do segundo andar onde Anne Frank morava, há ainda algo para ver e refletir em frente a ele…

Pequenos detalhes marcam a história no Bairro de Anne Frank:as pedras de tropeço

Se você reparar na calçada na frente do número 37 da Merwedeplein, há quatro plaquinhas. Em cada uma está o nome de um membro da família Frank, com a data de nascimento e o que houve com eles. No caso de Edith (a mãe de Anne), Margot (irmã mais velha) e Anne, está marcado que foram assassinadas em Auschwitz, e que Otto sobreviveu.

As pedras memoriais são uma intrusão da história no cotidiano. Essas estão em frente à casa onde a família Frank morava. Note que a data de falecimento das irmãs, Margot e Anne, está apenas com o mês, já que não se sabe o dia exato.

Essas placas não são apenas para a famosa família. Se você reparar, elas estão espalhadas por todo o bairro. São conhecidas como Stolperstein, algo como “pedras de tropeço” em alemão — pois foram criadas originalmente na Alemanha e são uma forma de memorial do Holocausto.

Essas pequenas placas memoriais são originalmente criação do artista Gunter Demnig em 1992. A proposta era marcar o local de residência (e as vezes trabalho) das vítimas do terror nazista, como uma lembrança do último local que viveram ou frequentaram por livre escolha.

Dica: Preste atenção durante esse passeio e veja quantas “pedras de tropeço” mais você pode encontrar no bairro de Anne Frank — antes de Guerra, 17 mil judeus moravam lá. Depois, era apenas 4 mil.

O nome remete a uma antiga expressão anti semita da Alemanha nazista: quando alguém tropeçava numa pedra dizia “um judeu deve estar enterrado aqui”. Ao mesmo tempo “tropeçar” em algo em alemão pode significar “encontrar algo ou alguém por acaso” (curiosamente, em português também). E assim elas ficam ali, incrustadas no cotidiano, uma memória da história do mundo, da cidade e das pessoas que lá viveram.

Uma visão de Anne Frank em sua verdadeira casa

Agora, olhe para o segundo andar, e tente imaginar Anne Frank saindo da janela. para te ajudar, estou colocando o único vídeo onde Anne Frank aparece, saindo da janela do apartamento que está a sua frente. Espere até os 9 segundos do vídeo abaixo:

Sim, você está ali, como ela um dia esteve, você a está vendo através dos anos, e a sua memória dela a mantém viva.

O interior da verdadeira casa de Anne Frank, restaurado para ser como na época de Anne

Agora vamos seguir o passeio…

Mas vamos deixar uma homenagem a Anne Frank primeiro…

A primeira rua de compras do nosso passeio pelo Bairro de Anne Frank

Volte até a estátua de Anne Frank para um “até breve”, atravesse a rua (cuidado com as bicicletas), siga a direita até a esquina com a Jekerstraat (em holandês si diz “iéquer-straat).

Vamos entrar nela, mas se você quiser, pode fazer uma pausa no Cafe Blek, um pub local, com algumas cervejas boas e lanches. Tem um terraço agradável, para tempo bom, e um ambiente acolhedor para esquentar nos dias frios ou molhados. É popular com os moradores.

Cafe Blek

Waalstraat 48
Abre as 11 da manhã e fecha tarde

Mas talvez esteja cedo apra uma parada ainda. De toda forma, vamos prosseguir entrando na Jekerstraat. Repare que há mais duas Pedras de Tropeço logo em frente ao número 14.

Mais para frente você vai encontrar um parquinho, e a rua irá desembocar na Maasstraat, uma rua de compras local.

Nela eu recomendo a patisserie francesa Tout, na Maasstraat 77. Pode comer um macarron, ou dois, e aí pegar alguns para levar para comer depois. Ou escolha alguma outras das gostosuras da Tout, não vai se arrepender.

Tout chocolaterie / patisserie

Maasstraat 77
Fecha as 18h00, não abre aos domingos

Lembrete: eu não tenho parcerias com nenhum dos estabelecimentos recomendados nesse passeio — são dicas que descobri e uso.

A Maasstraat tem várias outras lojas interessantes, e você pode andar por ela para descobrir algo que chame a atenção.

Tem loja de queijos holandeses, floricultura, um pequeno empório… é só questão de ir andando e ver o que você pode descobrir… Mas tenha em mente que mais para frente no passeio iremos apssar por outra rua de compras.

A Escola de Anne Frank: lições do passado moldando o futuro

Quando terminar as compras, vá até a esquina da Nierstraat, no lado par da Maasstraat. Entre na Nierstraat e siga pela calçada da esquerda (lado ímpar) até o fim da quadra. Atrabvesse a rua e você vai ver um prédio todo decorado com imagens de Anne Frank e seu diário. E talvez você veja crianças em frente: é uma escola básica, a mesma que Anne estudava nos anos 1930.

Sabe essa famosa foto de Anne, onde ela está numa mesa de escola, com um livro aberto na frente? Foi tirada lá, nessa escola diante de você,

Claro, é importante lembrar que é uma escola em uso. Se estiver em horário de saída ou entrada de aulas, e estiver cheio de pais e crianças, dê espaço para eles. E, logicamentem sempre respeite a privacidade das crianças, pais e funcionários da escola. Evite fotos das pessoas (o prédio pode ser fotografado). Os holandeses são muito tranquilos no geral, mas eles levam privacidade a sério.

Dito isso, provavelmente você estará diante da escola sem ninguém em frente, e você pode observar a bel fachada. É uma escola Montessori. A pedagoga italiana Maria Montessori, criadora do método que leva seu nome, morou na Holanda por muitos anos, inclusive em Amsterdam. Até hoje, há uma forte cultura de escolas Montessori, e essa é a 6a Escola Monressori Anne Frank.

Sim, a escola mudou o nome para homenagear a famosa aluna. Como a casa que passamos em frente, logicamente a escola não é aberta a visitação pública, mas posso te contar que em seu hall de entrada há uma placa memorial com mais de cem nomes de alunos que foram assassinados pelo terror nazista. Anne é um deles.

A escola de Anne Frank hoje, usando as lições do passado para plantar o futuro

É uma lição de história muito presente, e importante. A escola ensina pela sua própria existência. O passado ajuda a formar o futuro, representado pelas crianças que ali estudam.

Dica local de Amsterdam: Café com doce ou sorvete italiano? (Pode os dois, não vou te julgar)

Após mais esse momento de reflexão e observação, estamos prontos para seguir com o passeio. Se você resistiu a tentação de tomar um café com algo gostoso, vou te apresentar mais uma. Vá at;e a esquina da Dintelstraat com a Nierstraat, e com a escola a sua direita, desça a Dintelstraat até o fim da quadra, quando ela encontra a Rooseveltlaan. Entre nela a direita.

Vá seguindo até a Rooseveltlaan virar Europaplein (são poucos metros), e no número 87 tem a Scandinavian Embassy. Apesar do nome, não é uma embaixada, mas um café bem gostoso. Na verdade, eles fazem, na minha opinião, um dos melhores cafés de Amsterdam.

Também recomendo o Cinammon Rolls deles, para acompanhar.

Scandinavian Embassy

Europaplein 87
Fecha as 16h00 e não abre as segundas feiras

Ou se estiver tempo bom, você pode preferir um sorvete. Seguindo um pouco mais para frente da Scandinavaim Embassy, virando a esquina, você pode andar mais uma quadra até uma praça (Scheldeplein) onde tem o Pisa IJs, uma sorveteria italiana muito popular, não apenas no bairro, mas com a cidade toda, pois é considerada (por mim e muita gente) um dos melhores sorvetes de Amsterdam.

Dica: Alguns dos sabores estão marcados no menu do Pisa IJ com um asterisco *. São os que não contém leite.

Pisa IJs

Scheldeplein 10
Das 12h00 até a meia noite

Ali em frente ao Pisa IJs você encontra uma unidade do Albert Heijn, um dos supermercados mais populares da Holanda. Se você tem curisodiade de ver supermercado na Holanda, é a sua oportunidade.

Depois de se esquentar no café da Scandinavian Embassy, ou se refrescar com o Pisa IJs, podemos continuar nosso passeio em mais uma rua de compras cheia de surpresas.

Lojas para crianças pequenas em Amsterdam: lojinha da Nijntje

A Scheldestraat também tem diversas lojas bacanas para fazer compras para crianças. A mais famosa é, claro, a lojinha da Nijntje.

A Nijntje é um ícone holandês, e parte importante de infância das criancinhas daqui. Boa oportunidade para você presentear um pequeno com uma lembrança tipicamente holandesa

Talvez você a conheça pelo seu nome internacional (Miffy), ou talvez você apenas reconheça a fofucha carinha redonda dela… ou talvez seja a primeira vez que você ouve falar. Mas todo holandesinho sabe quem é a Nijntje (o nome vem de “koNijntje”, coelhinho em holandês).

A coelhinha é a base da infância feliz na Holanda, é impossível ignorar (e se você notou uma certa semelhança de estilo com a Hello Kitty, bem, você não foi o único: o próprio Dick Bruna, criador da coelhinha, notou e resmungou sobre essa “inspiração” não autorizada: a Nijntje é mais antiga do que a Hello Kitty por uns bons 20 anos).

Até hoje a coelhina é muito popular com as criancinhas da Holanda, desde seu berço, e na lojinha você vai achar de tudo, os livros originais e muitos outros produtos como roupinhas, acessórios, brinquedos para um presente tipicamente holandês.

Se você quiser um insight da alma infantil holandesa aqui em Amsterdam, olha que sorte, você já está na Scheldestraat. Passa lá!

De winkel van Nijntje (A Lojinha da Miffy/Nijntje)

Scheldestraat 61
Segunda, das 13h00 às 18h00, terça a sexta, das 10h00 às 18h00, de sábado das 10h00 às 17h00 e de domingo das 12h00 às 17h00

Outras lojas para crianças em Amsterdam: roupas, brinquedos e livros

Ah, mas se você tá com pimpolhos, seus gastos potenciais não terminaram. A Scheldestraat oferece outras lojas legais para crianças. Ali perto tem outra loja de produtos infantis de todo tipo, a Koter & Co. Eles têm roupas, brinquedos, carrinhos de bebê, e não tem medo da concorrência da Nijntje: eles estão literalmente ao lado. E inclusive vendem um coelhinho de pelúcia.

A Koter & Co é de um estilo fora do padrão bigcorp-roupa-rosa-ou-azul-brinquedo-de-plástico que dominou a indústria infantil. Se voce6 quer algo difeernte do padrão, tem boa chance de achar lá.

Koter & Co

Scheldestraat 55
Segunda, das 11h00 às 18h00, terça a sexta das 10h00 às 18h00, sábado das 10h00 às 17h00, domingo fecha

Supermercado orgânico na Holanda: Eko Plaza

Uma última indicação antes de você sair da Scheldestraat, carregado: o Eko Plaza é um supermercado completo, mas inteiramente de produtos orgânicos. Tudim.

Além de tudo o que você esperaria num supermercado oferecido em versão orgânica (e aqui na Holanda as exigências para usar o selo de “orgânico” são rígidas), tem ingredientes mais raros, e até uma seção de lanches – se sobrou espaço depois do sorvete e doces, e se quiser comer algo andando por Amsterdam, dá uma parada lá.

Ou você pode se divertir conhecendo o supermercado mesmo. Eu adoro ir a supermercado em viagens, você não? E o Eko Plaza é um que certamente vale explorar, pelo conceito e pelos produtos oferecidos.

Eko Plaza

Scheldestraat 53 (logicamente tem em outros endereços pela cidade)
Segunda a sábado, das 8h00 às 20h00, domingo das 11h00 às 18h00

Dicas de restaurantes locais em Amsterdam

Olhaí, mentira, não era a última indicação. Se você notou, a Scheldestraat tem uma pilha de restaurantes de diversos estilos, então se seu plano é almoçar primeiro antes de seguir passeando, pode escolher um. Em geral é bom.

Ok, uma dica: eu curto a Feduzzi, delicatessen italiana. Não é exatamente um restaurante onde preparam sua comida, mas, bem, uma delicatessen. As comidas estão prontas (mas são frescas e feitas com ingredientes de qualidade, na cozinha deles – não é comida “pronta”, é comida que já está pronta pra você não esperar), você pode sentar e pedir, ou você pode olhar os outros produtos italianos que estão à venda (incluindo vinhos e deliciosos azeites de oliva), e  você pode até pedir um sanduíche to go.

Produtos italianos e comida num estilo despretensioso e amistoso, certeza que você vai achar algo gostoso pra comer na hora ou levar pra casa.

Feduzzi 

Scheldestraat 63
De segunda a sexta, das 10h30 às 19h30, de sábado das 10h00 às 17h00, domingo fecha

A avenida mais linda de Amsterdam, para você tirar fotos incríveis

Depois de explorar a Scheldestraat, se empanturrar e comprar coisas bacanas, vá até a esquina com a Churchilllaan e vira a direita nela.

É uma linda e arborizada avenida, que tem nome de Primeiro Ministro inglês e não de rio. Isso hoje em dia, na real. Originalmente o nome era Noorder Amstellaan (laan é avenida, e holandês adora grudar palavras. Noorder Amstel é um rio), mas claro, depois da segunda guerra, houve muitas mudanças de nome no bairro. Churchill foi homenageado, assim como Roosevelt (e, uns anos depois, Kennedy), rebatizando as principais avenidas do bairro.

De toda a forma, é uma avenida muito agradável de se passear e bonita através das estações, com as árvores mudando com o ritmo da natureza.

A mais linda avenida de Amsterdam se transforma com as estações e sempre terá um espetáculo para você

No verão as árvores estão cheias e verdes, no outono amarelas e lindas, na primavera há tulipas e flores plantadas e no inverno, bem, ela fica mais austera – exceto se nevar, aí ela fica austera e linda.

Muitas fotos do meu Instagram eu tirei na Churchilllaan, e tenho certeza que você vai registrar lindas lembranças nela.

Se continuar seguindo pela Churchilllaan, no lado par, ali no número 16, tem uma padaria artesanal no estilo francês, excelente. Croissants, pães e outras delícias estão constantemente sendo assadas ali na sua frente no pequeno estabelecimento. Se quiser, pode pedir um café, que é bom, ou comprar algo para levar, eu recomendo.

grammes

Maasstraat 16
Abre de quarta a sexta das 8h00 as 14h00, Sábado das 9h00 as 16h00

Estamos quase no final do nosso passeio agora.

O primeiro arranha-céu de Amsterdam: arquitetura art-deco na Holanda

Ao final da Churchilllaan  você irá chegar numa pequena praça chamada Victorieplein. Repare prédio ao fundo — talvez você o reconheça, já que você o viu ao fundo da praça onde fica a verdadeira casa da Anne Frank. Você está do outro  lado da praça.

A Victorieplein (Praça da Vitória) com o arquiteto do bairro de Anne Frank, e o primeiro arranha-céu de Amsterdam ao fundo.

Esse prédio é conhecido aqui por Wolkenkrabber, ou  “O Arranha-céu”. Com a invenção do elevador, os prédios poderiam ser mais altos, e em 1932, Amsterdam inaugurou esse “colosso” de 12 andares! Claro que hoje a gente não se impressiona, mas na época foi uma grande sensação.

Repare no estilo Art Deco do prédio, que foi recentemente restaurado. Era o símbolo do progresso, que seria brutalmente interrompido alguns anos depois pela Guerra, mas permanece até hoje, ainda sendo usado, mostrando a resiliência da cidade e as pessoas que dela fazem o seu lar.

Victorieplein, a praça da tragédia e da vitória: as lições da história

Nessa praça, você vai ver também uma estátua, representando o arquiteto H. P.  Berlage. Ele projetou esse bairro todo, e é homenageado nessa estátua e no nome da ponte que dá acesso a ele sobre o rio Amstel.

Olhando essa tranquila praça, você nem vai desconfiar que era nela que os judeus arrancados de seus lares (sim, as casas com as pedras de tropeço na frente) por todo o bairro eram concentrados para serem transportados de bonde para uma estação de trem em Amsterdam, de onde seriam deportados para os campos de concentração nazistas.

Terrível!

Mas a esperança venceu: hoje  o nome dela é Praça da Vitória (Victorieplein). Ela fica de frente para a Avenida da Liberdade (Vrijheidslaan). FEm 7 de maio de 1945 tropas canadenses avançaram pela ponte do Berlage, entraram na Avenida da Liberdade, passaram pela Praça da Vitória, e dali iniciaram a liberação de Amsterdam.

É apenas justiça histórica que, após tanto sofrimento, a Rivierenbuurt tenha sido também a porta de entrada da libertação da cidade.

O Bairro que Anne Frank morava

A Rivierenbuurt tem esse aspecto trágico e belo, um lindo bairro com história difícil mas com superação também. Você pode ver um pouco da história de Anne Frank em uma parte feliz da sua vida, quando estava em liberdade. Ao longo do trajeto você testemunhou locais históricos mas vivos, em uso por uma comunidade, que estuda, frequenta livrarias, cafés, toma sorvete e brinca nas praças. Você aprendeu a ver além do presente, sobre um passado terrível, mas sem perder a esperança no futuro.

Gosto de imaginar Anne Frank, já idosa, andando pelo bairro de sua infância, e sorrindo ao ver as criancinhas estudando em sua antiga escola, ou brincando pelas praças que ela brincava.

Sim, sempre há pessoas que insistem em ignorar o passado, mas você e eu podemos dizer:

— Não, Anne. Nós não esquecemos.

E seguimos lembrando a todos o que aprendemos com ela.

Muito obrigado pela sua companhia nesse passeio. Espero que tenha gostado. Daqui, você está a poucos metros da parada de bonde 12 ou do bonde 4, ambos levam você de volta para o centro de Amsterdam.

Bom prosseguimento!

Se você quiser fazer um tour pelo bairro acompanhado por um guia, veja essa sugestão:

Fontes

  • http://www.annefrank.org/en/Anne-Frank/Not-outside-for-2-years/Hiding/
  • http://www.annefrank.org/en/News/Press/Visitor-numbers/
  • http://geheugenvanplanzuid.nl/archief/actueel/joodsehuizen.htm
  • http://nl.wikipedia.org/wiki/Plan_Zuid
  • http://nl.wikipedia.org/wiki/Maasstraat_%28Amsterdam%29
  • http://nl.wikipedia.org/wiki/Nijntje
  • http://nl.wikipedia.org/wiki/12-verdiepingenhuis
  • http://nl.wikipedia.org/wiki/Vrijheidslaan

Quem escreve: Meu nome é Daniel Duclos, conhecido como Ducs. Eu moro em Amsterdam desde de 2007, e desde então dou dicas para brasileiros que estão planejando viagem por aqui. Com milhões de acessos em sua história, o Ducs Amsterdam continua inovando e dando dicas essenciais, feito por um morador e conhecedor de Amsterdam. Obrigado pela sua confiança e boa viagem!